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Mão de Obra Qualificada X Desemprego

Por Daniel Borges

 

 

Vivemos numa época em que a busca por mão de obra qualificada está cada vez mais acirrada no mercado de trabalho, mesmo sendo possível notar que a cada ano que passa o acesso aos cursos superiores e técnicos tem sido mais fácil e a quantidade de estudantes que se forma aumenta anualmente. É, no mínimo, curioso perceber que o número de graduados cresce tanto quanto a reclamação da falta de mão de obra qualificada. Não é difícil encontrar postos de trabalho vazios, para os quais os empresários estão à procura de bons profissionais. Da mesma forma que não é difícil encontrar profissionais desempregados dizendo que não conseguem encontrar emprego. O que está acontecendo, então? Qual a explicação lógica para esse disparate?

 

Em primeiro lugar, abordando apenas de forma superficial, podemos perceber que o sistema de ensino no Brasil é arcaico. Ainda predomina o estilo didático no qual há um mestre que ensina enquanto os discípulos aprendem. A educação moderna já mostrou resultados com um estilo educacional no qual o professor trabalha apenas como facilitador do aprendizado, e não como dono da verdade. Além disso, as universidades estão preparadas apenas para receber alunos, passar informações, aplicar testes (destaca-se que estes são cheios de falhas) para medir o conhecimento do aluno e entregar um diploma ao final do curso para os aprovados. É uma raridade, para não dizer impossível, encontrar uma instituição de ensino, seja técnico ou superior, que prepara profissionais para o mercado de trabalho. Por essa razão, profissionais com canudo de diploma na mão, em sua grande maioria, não é sinônimo de profissional preparado para atuar. Isso para não falar da educação básica e fundamental no Brasil, principalmente a publica, que é uma vergonha.

 

Soma-se a isso também o protecionismo do governo brasileiro ao empregado. Existe uma imensidão de leis que protege em demasia o empregado, onerando em excesso o empregador, fazendo essa relação cada vez mais complexa. Não se pode negar que o empregado é o elo mais fraco na relação com o empregado. Em contrapartida, grande parte dos empresários se vale da inconstância do mercado, cujo cenário atualmente demonstra que a oferta de mão de obra está grande, e querem contratar colaboradores com salários mínimos e responsabilidades em demasia. No entanto, é preciso encontrar soluções e caminho que tragam o equilíbrio para essa relação, trazendo benefícios para ambas às partes.

 

Nessa exótica mistura, acrescenta-se ainda um ingrediente: o Brasil é o país dos empreendedores. Aqui é normalmente possível uma pessoa emergir social e financeiramente, trabalhando muito. Grandes empresários da atualidade iniciaram suas carreiras com pequenos negócios, muitas vezes de família. Segundo o Portal do Empreendedor do Governo Federal, o número de empreendedores individuais cresceu nos últimos 5 anos 120% no país, hoje são mais de 8,1 milhões de pessoas que saíram da informalidade. Infelizmente, o crescimento assustador do numero de profissionais que empreendem o próprio negócio não cresce na mesma proporção quando se trata de qualificação desses empreendedores. Grande parte deles se formaliza e toca o negócio mais intuitivamente do que realmente pautados em conhecimentos de gestão. E, é óbvio, que isso interfere diretamente no resultado da empresa, principalmente no que tange ao relacionamento empregado-empregador.

 

O cenário trabalhista atual modificou-se bastante. O problema é que muitos empresários, mesmos os mais atualizados, ainda não se deram conta da nova realidade. Os colaboradores não valorizam mais, pelo menos não tanto como há anos, construir uma carreira profissional numa determinada empresa. Por R$ 100,00 a mais no salário, o colaborador esta trocando de empresa, ou seja, o nível de comprometimento diminuiu muito. Não quero dizer com isso que um funcionário deve trabalhar sempre na mesma empresa e não buscar o crescimento. Sem querer ser redundante, mas cada caso é um caso e o veredito deve ser dado individualmente. Mas fato é que, quanto mais comprometido com o resultado, o colaborador tende a ajudar a empresa a crescer e, consequentemente, crescer juntamente com ela. Mas para lidar com essa nova realidade o empregador precisa se aliar ao empregado, tendo em vista que esse está ganhando cada vez mais poder nessa relação.

 

Mas qual seria então o ponto de equilíbrio? Como reter talentos dentro da organização? Seria impossível apresentar apenas uma solução para um problema tão complexo. Mas existem alguns caminhos que podem levar ao equilíbrio da balança e gerar benefícios mútuos para empregados e empregadores.

 

Em primeiro lugar, as empresas precisam contratar colaboradores com perfis adequados e, principalmente, valores e propósitos semelhantes aos seus. Quanto mais próximos, mais fácil é para o colaborador se comprometer com a organização. Ninguém se compromete com aquilo que não acredita.

 

Além disso, a valorização do profissional, não somente financeiramente, mas dando oportunidade de crescimento e desenvolvimento, auxilia na retenção dos bons profissionais. Existem inúmeros fatores que contribuem para a motivação das pessoas. Citá-los exigiria discorrer sobre cada um. Como são muitos, julgamos melhor manter na subjetividade. Contudo, se a organização trabalhar esses fatores as chances de obter sucesso se elava grandemente.

 

Vale destacar também que um bom clima organizacional, sem dúvida, é um dos fatores principais para melhorar relação da empresa com colaboradores. Um ambiente no qual as pessoas se sintam felizes e realizadas, além de integradas com toda a equipe, estimula a produção e o prazer estar nesse ambiente.

 

Por outro lado, os profissionais precisam entender que quanto mais produzirem para a empresa, mais ela tende a crescer e se desenvolver. Além do provável reconhecimento financeiro, quem ganha produzindo bem é o próprio colaborador, que angaria mais conhecimento e, consequentemente, destaque entre seus pares.

 

Outra percepção que os profissionais precisam desenvolver diz a respeito à relação teoria e prática. Na teoria universitária o mundo é perfeito e constante. No mundo real, na prática, a situação é bem diferente. A velocidade com que as coisas mudam atualmente, as inúmeras variáveis do dia a dia desafiam diariamente ao esforço e esmero diário. Portanto, atualizar-se constantemente, assumir desafios e esforçar-se para transpor barreiras são de extrema importância para um profissional de sucesso.

 

Somente em forma de parceria, buscando o benefício mutuo, é possível equilibrar a balança e gerar uma relação saudável e proveitosa para ambas às partes.

 

 

 

 

 

 

Daniel Pereira Borges é graduado em Administração, MBA Executivo em Recursos Humanos

 

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