Por Esaú Santos
Diante do cenário econômico nacional em que a economia encontra-se desacreditada e enfraquecida por problemas de ordem política e econômicao orçamento das famíliasé impactado negativamente. Como se não bastasse há aquelas que não possuem planejamento financeiro adequado, o que acarreta em descontrole e endividamento.
Não é necessário ser especialista em finanças, contabilidade ou adminstração para realizar um planejamento financeiro familiar ou individual. Basta uma planilha de excel ou um software simples desenvolvido para tal finalidade.
Com medidas muito simples é possível enxugar o orçamento e evitar o descontrole financeiro, veja a seguir algumas dicas para gastar menos e até obter renda extra.
Controle de Renda e Despesas
A importância de efetuar o controle das despesas e receitas é que nem sempre sua evolução é dada na mesma proporção, por isso a dica importante é efetuar o controle de maneira anual. Sempre listando o quando estima-se receber e o quanto será gasto no decorrer do ano.
Há meses que os gastos aumentam com o pagamento de impostos como IPTU e IPVA, em outros há ganhos extras como 13º salário e bonificações. Se houver o controle torna-se fácil equilibrar as contas e criar reserva financeira.
Reserva Financeira de Emergência
Um dos passos mais importantes de um planejamento financeiro familiar eficaz é a reserva financeira. Imprevistos acontecem, e buscar se previnir é a melhor forma para ter controle financeiro.
A reserva financeira deve conter a quantia suficiente de dinheiro para atender a família em caso de emergência tais como: demissão, gastos médicos inesperados, manutenção de móveis, manutenção de imóveis e automóveis entre outros.
O tamanho da reserva varia de família para família, recomenda-se que o valor da reserva seja entre 4 e 8 vezes a renda mensal da família. Opte por efetuar a reserva de maneira mais “líquida”, ou seja, que quando houver a emergência você possa resgatar o dinheiro imediatamente (ex: a poupança).
Corte gastos e economize
Com o controle de receitas e despesas efetuado o próximo passo é realizar o corte de gastos. Existem basicamente dois tipos: os essenciais e os dispensáveis. Como o próprio nome já diz os essenciais são aqueles dos quais não há como viver sem (energia, água, gás, etc...).
Para realizar o corte classifique seus gastos listando de maneira simples aqueles que são essenciais para o dia-a-dia de sua família e aqueles que podem ser cortados, mesmo que signifique “queda” no padrão de vida.
Um exemplo prático é a substituição de produtos por marcas com custo inferior, busca por promoções e redução do consumo. Com o cenário de alta de inflação alguns produtos e serviços tiveram seus preços elevados, portanto, evite quando não necessário o consumo de tais produto, como por exemplo realizar refeições fora de casa.
Para os gastos essenciais tenha sempre uma lista e siga-a rigorosamente, evitando comprar por impulso algo de que você não necessita.
Quando usar o cartão de crédito e o Cheque especial
No Brasil uma das taxas de juros mais elevadas é a do cartão de crédito, perdendo somente para o cheque especial, portanto na hora de usar cabe o devido cuidado para evitar o descontrole financeiro. Evite utilizar o cartão de crédito para compras corriqueiras e de pequeno valor, utilize para compras de valores altos e de bens duráveis (móveis, eletrodoméstimos e etc).
Cuidado com a utilização do cheque especial pois a taxa de juros é a maior do mercado, em caso de extrema necessidade cabe avaliar se a tomada de um empréstimo com taxas de juros menores não seria a solução para a necessidade de dinheiro.
Quando se fala em cartão de crédito há duas coisas que me chamam muita atenção na cultura da maioria da população brasileira:
a) Quantidade de cartões
Muitas pessoas possuem vários cartões de crédito e os utilizam mensalmente para compras, o que pode representar um risco, pois aumentam as chances de descontrole. Cuidado, só porque um banco ou operadora de cartão lhe enviou um cartão não quer dizer que você deve desbloquear e utilizá-lo. Faça se o seu planejamento financeiro permitir.
b) Limite de Crédito
O cartão de crédito dá ao usuário a sensação de “poder aquisitivo” maior, pois mesmo insuficiencia de dinheiro conseguims realizar a compra efetuando o parcelamento. Atenção merece ser dada na hora de fazer o planejamento finaceiro, tenha um limite do cartão de crédito inferior a 50% de suas receitas líquidas. Isso o ajuda a não efetuar gastos maiores do que sua capacidade de pagamento.
Taxas de juros de empréstimos, financiamentos e parcelamentos
Realize a revisão dos juros aplicados em empréstimos, financiamentos parcelamentos com cartão de crédito. Se preciso for, negocie com seu gerente por menores taxas antes de tomar o crédito, ou até mesmo procure outros bancos que ofereçam taxas menos pesadas ao orçamento para a mesma linha de crédito.
Quanto ao parcelamento de cartão de crédito evite parcelar suas compras em um número de parcelas que vá incorrer em juros. Outra alternativa é “migrar” os débitos (pagamentos futuros em que não haja dinheiro suficiente para cobrí-los) para empréstimos com taxas de juros menores.
Consumir de maneira consciente
As mudanças de hábitos de consumo além de protegerem o seu planejamento financeiro evita maiores impactos ao meio ambiente. O consumo consciente passa desde a eliminação de desperdícios de alimentos e outros produtos até a economia de eletricidade e água.
Metas e Desejos
Os desejos também devem ser contabilizados. Pense neles como investimentos e separe, sem sacrificar seu planejamento, uma parte de suas receitas para realizá-los, desde viagens com a família que há tempos você deseja fazer, até a compra de casa ou carro novo. Ao estabelecer tais metas seja realista levando em consideração sempre a realidade financeira de sua família.
Muitas vezes ao realizar o planejamento financeiro a dúvida pode surgir “Será que tenho recursos suficientes para alcançar tudo isso?” A resposta é sim. Provavelmente você não poderá realizá-los todos de uma vez mas aos poucos, com planejamento, se concretizarão.
A busca por uma vida financeira saudável não se traduz na buscar por maior renda mas sim em utilizar de maneira consciente os recursos já adquiridos adequando à realidade seus desejos e necessidades.
Esaú dos Santos é graduado em Ciências Contábeis pela FAESA. É Contador e Auditor Sênior na Price Waterhouse Coopers – PwC.