16.11.2018

Os Refletores Estão Ligados!

 

 

Na década de 60, disse A.W. Tozer: “Em muitos lugares raramente é possível ir a uma reunião cuja única atração seja Deus. Só se pode concluir que os filhos de Deus estão entediados dele, pois é preciso mimá-los com pirulitos e balinhas na forma de filmes religiosos, jogos e refrescos”.

 

Vivenciando e ouvindo testemunhos de amigos que labutam na mesma causa, a observação de A. W. Tozer – 60 anos atrás - é verdadeira e contemporânea. Existe uma facilidade e meios muito eficazes de distorcermos a essência do culto, da celebração, do serviço que prestamos a Deus. Para muitos, o conceito de culto não é, predominantemente, oferecer, mas, essencialmente receber.

 

Há uma busca incessante em receber as bênçãos de Deus. Esperamos que o culto, instantaneamente, nos cure, nos conforte, nos deixe alegres. Nos deixe satisfeitos quando ouvimos uma boa música, uma boa mensagem.

 

Para aqueles que perderam a fé, a alegria, a esperança, esperamos que o pastor aja como uma espécie de Sherlock Holmes celestial, com uma lupa gigante em suas mãos, procurando a fé, a esperança, a alegria, seja lá onde o sujeito a tenha perdido. Como há incrédulos dentro da igreja. Frequentadores, simples frequentadores. Para que falar sobre arrependimento, confissão, perdão de Deus? Para que falar de princípios inegociáveis da nossa fé se alguns, por exemplo, nem acreditam na volta de Cristo e nem se fala mais sobre a segunda vinda? Onde se tem escutado canções assim? Bom, se Cristo não vai voltar, se não se acredita na alma no inferno e nem no céu, se a igreja se tornou um lugar bom e aprazível para cuidar das nossas mazelas e clubinhos sociais onde cantamos, choramos, nos emocionamos, fazemos uma catarse e o pregador como uma boa mãe velhinha passa a mão na cabeça dos fiéis (coitadinhos tão sobrecarregados, tão carentes de um abraço) e isto já está bom demais. Ora, porque incomodar as pessoas que mesmo dentro da igreja estão perdidas sem salvação?

 

Desde a criação, se quer um deus que nos dê atenção, que nos escute, quando quisermos. Que ouça nossos lamentos, que ouça nossos pedidos nos mínimos detalhes, mas, não se quer um deus que fale. Não se quer um deus que interrompa a nossa rotina. É mais ou menos assim: queremos um deus ali, do outro lado da porta, ou seja, um deus que tenha acesso a mim apenas quando eu abrir a porta. Essa porta pode se chamar domingo, templo, música, algum serviço na igreja, um tipo de oração, o Pai nosso, um tipo de fé.

 

Muitos servem a Deus assim: eu aqui, e Deus lá, do outro lado da porta... Domingo eu estou na escala? Vou tocar? Vou cantar? Vou servir em alguma área Então, neste domingo eu vou abrir esta porta, vou servir a esse deus... serei religioso, cumprirei meus compromissos com a igreja, com o pastor, com os ministros; darei esmolas, chegarei para o culto e direi: Deus, cheguei! Se alegre com isso!!!

 

Certamente, ao ler o título desta reflexão, você foi levado a crer que os refletores ligados seriam os de um palco qualquer. Na verdade, os refletores que menciono no título, são refletores colocados mais acima, lá no topo.

 

Deus está com seus refletores apontados para cada um de nós. Davi menciona os refletores de Deus, quando declara: “Senhor, Tu me sondas e me conheces” (Salmo 139). Deus conhece a nossa intenção, nos mínimos detalhes.

 

Certa ocasião, Judá, em seu momento de celebração ao Senhor, achou que estava fazendo bonito; muita pompa, muito brilho. Israel era um povo religioso, mas que agia sem dedicação real ao Senhor. Muitos participavam de cultos no templo e levavam suas ofertas à casa de Deus, mas ainda não agradavam ao Senhor. Deus perguntou para eles: "Quando vindes para comparecer perante mim, quem vos requereu o só pisardes os meus átrios?" (Isaías 1:12). Ele disse que todos os serviços religiosos se tornaram vãos por causa da conduta pecaminosa deles (1:13). Comparecer no templo – pisar os átrios – não bastava. Deus queria a fidelidade de um povo realmente santo. Israel foi uma decepção.

 

O que é que Deus quer de nós? Em termos simples, ele quer tudo que nós somos! Ele quer um sacrifício total de vidas entregues a ELE (Romanos 12:1-2; Gálatas 2:19-20). Em termos práticos, ele quer obediência. O Senhor prossegue: Não consigo suportar nenhuma de vossas reuniões e assembleias, todas sempre repletas de iniquidade. ELE consegue ver onde a visão humana não consegue chegar.

 

O que estamos fazendo com o culto? O que estamos fazendo com nossos dons? O que estamos fazendo com talentos e oportunidades preciosas que o Senhor tão bondosamente nos presenteou?

 

Para encerrar, eu não gostaria de lhe decepcionar, mas, o próprio Jesus disse que seria assim. O que é um sinal? Sinal é um aviso; algo que está adiante, próximo. Jesus disse que chegaria um tempo que o amor de muitos se esfriaria; a maldade será incontrolável. Chegaria um tempo que o homem seria amante de si mesmo, que buscaria apenas o seu próprio interesse, seu próprio prazer; os homens seriam egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, desobedientes, ingratos, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder (2 Timóteo 3). Será que percebemos estes sinais em nossos dias?

 

Verdade é que temos grande facilidade e pressa em apontar, mas, neste tempo, não precisamos apontar, não precisamos olhar longe, olhar para o lado, olhar para o outro; basta olharmos para dentro nós mesmos, e lá, no cerne de nossa existência, podemos constatar um pouquinho de cada um destes sinais.

 

Deus em sua compaixão, em sua graça abundante, ainda espera de nós um coração sincero. Deus ainda espera de nós melhores e verdadeiros adoradores, que O adorem em Espírito e em Verdade. Que O sirvam com fidelidade, em obediência. Deus disse através do profeta Joel: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos, os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos” (Joel 2. 28).

 

Meus irmãos, Deus tem dado seus sinais, os refletores estão ligados, estão acessos, só não percebe quem não quer. Que Deus tire as escamas de nossos olhos. Que possamos ser encontrados como servos aprovados.

 

 

 

 

 

Fabiano Rocha

Ministro de Adoração e Artes