Por Vagner de Souza
Como se percebe facilmente, vivemos um tempo extremamente diferente de tudo o que já se viu na história da humanidade, e isso em praticamente todos os níveis e ambientes.
Um dos fatores que mais influenciam para a ocorrência desse fato, sem dúvida, é que muito embora sempre tenham existido pessoas com os mais variados comportamentos e ideias, nunca houve tanta liberdade para expressão como nos nossos dias.
Tal fato, como não podia ser diferente, tem impactado fortemente o relacionamento do homem com Deus e, é claro, com a Igreja Dele aqui na Terra.
Dentre tantas mudanças, o presente texto busca chamar a atenção para um tema que, apesar de ainda não ser tão destacado em nosso contexto local, tem sido cada dia mais disseminado no seio da sociedade, inclusive com forte apoio governamental, e não demorará a chegar no meio eclesiástico, nos obrigando a um posicionamento.
Trata-se da identidade de gênero.
Mas, o que vem a ser exatamente isso?
A Enciclopédia Britânica Online, em sua edição de 11 Mar. 2011, define a identidade de gênero como sendo “o gênero em que a pessoa se identifica (i.e, se ela se identifica como sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do convencional), mas pode também ser usado para referir-se ao gênero que certa pessoa atribui ao indivíduo tendo como base o que tal pessoa reconhece como indicações de papel social de gênero (roupas, corte de cabelo, etc.)”.
Jaqueline Gomes de Jesus, em sua obra “Orientações sobre Identidade do Gênero: Conceitos e Termos”. p. 24, afirma ser a identidade de gênero o "Gênero com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. Diferente da sexualidade da pessoa. Identidade de gênero e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem. Pessoas transexuais podem ser heterossexuais, lésbicas, gays ou bissexuais, tanto quanto as pessoas cisgênero ".
Como se vê, a identidade de gênero propõe a possibilidade da pessoa, independentemente de seu sexo biológico, natural, escolher o gênero que vai ter durante sua vida, inclusive podendo mudá-lo a qualquer tempo segundo seus desejos.
Assim, segundo tal conceito, alguém que, por exemplo, tenha nascido homem, mas que não se enxergasse como tal, poderia optar por ter o comportamento do gênero que lhe conviesse, o qual, não necessariamente, deveria ser o de uma mulher.
Apenas essa questão já seria suficiente para trazer preocupação para a Igreja de Cristo e a sociedade em geral, posto que busca jogar por terra padrões já consolidados em nossa cultura e que garantem a estabilidade de nossas relações familiares e interpessoais.
Entretanto, mais do que uma simples questão comportamental, claramente associada à depravação humana que a Bíblia nos adverte que aconteceria, o que mais me assusta nessa situação é o fato de o próprio Estado estar defendendo abertamente tal ideologia. E o que é pior, não apenas disseminando-a de forma oficial, como também editando normas que tornem obrigatória a aceitação de tais posturas em todos os recantos da sociedade, até mesmo em nossas igrejas e escolas.
Na verdade, em nome de uma pseudo política de direitos humanos, o Governo Federal e alguns governos locais tem colocado nas mãos das crianças, nas escolas, cartilhas obscenas, parte da identidade de gênero, causando uma verdadeira perversão sexual.
Segundo o Procurador da República em Brasília, Dr. Guilherme Schelb, diversas denúncias revelam a prática de ministrar aulas para crianças sobre sexo anal, bissexualidade, sexo com animais, prostituição e até masturbação. Além de apresentar temas sexuais complexos ao entendimento de crianças e adolescentes, procurando relativizar abusivamente na mente das crianças os conceitos morais de masculinidade e feminilidade.
Dessa forma, alunos matriculados em escolas públicas e particulares do país vem sendo bombardeados com um ensino que busca desconstruir a ideia cristã da criação do ser humano como macho e fêmea, bem como a família tradicional formada por homem e mulher, tentando fazê-los acreditar que qualquer modelo seria natural e saudável.
Assim, pela proposta governamental, crianças que sequer tem idade para discernir o bem e o mal, já crescem convivendo com ideias claramente relacionadas a padrões pervertidos de conduta, o que, por óbvio, os levará não apenas a aceitá-los como normais, mas também reproduzi-los como se fossem naturais.
Se isso visasse apenas a aceitação do diferente, a harmonização da vida em sociedade diante das preferências e peculiaridades de cada pessoa, já seria prejudicial à sociedade da forma como apresentado, apesar de serem relevantes tais temas.
Contudo, o que de fato desejam os defensores de tal ideologia é a disseminação do estilo de vida que eles entendem como correto, travestido – até na defesa de suas razões eles se travestem -, de defesa de direitos humanos.
Tudo isso nos mostra a necessidade urgente dos cristãos se mobilizarem de todas as maneiras possíveis contra essas iniciativas imorais: nas escolas, pelas mídias, nos parlamentos, nas ruas, etc., de modo a que possamos defender a manutenção de padrões éticos que garantam a construção de uma sociedade efetivamente justa.
Uma das formas de prevenir o abuso da liberdade de ensinar por parte do professor do seu filho é notificá-lo extrajudicialmente para que ele se abstenha de adotar certas condutas em sala de aula.
Para tanto, e seguindo o exemplo de outras entidades, apresento no texto abaixo, da lavra do já referido Procurador da República, Dr. Guilherme Scheib, um link onde pode ser encontrado um “Modelo de notificação extrajudicial” para que os pais se defendam e defendam seus filhos contra tais práticas.
“Olá família do Brasil, meu nome é Guilherme Scheib. Se você é contra essas medidas ilegais e abusivas da infância e que desrespeitam a dignidade humana e, em particular, a fragilidade psicológica diante desse quadro, apresento no link o modelo de notificação extrajudicial a ser apresentado ao diretor da escola de seu filho (www.bit.ly/protegerfamilias). Este documento servirá de um alerta formal aos professores, sobre normas que protegem as crianças de informações abusivas e também sobre os direitos da família na formação moral dos filhos. Não importa se a escola do seu filho é pública ou particular ou até confessional, pois esta notificação extrajudicial servirá também como instrumento de defesa para os professores honestos, que são a maioria, e que também não concordam com estes abusos nas políticas públicas de educação. As instituições de educação e professores que insistirem em cometerem abusos contra seus alunos, deverão ser responsabilizados conforme determina a lei. Em Brasília uma escola permitiu que uma aluna de 11 anos tivesse acesso a livro didático infantil com conteúdo impróprio, os pais processaram a escola e ganharam na justiça indenização de 30 mil reais por danos morais. Proteger crianças é cuidar do futuro!”
É claro que tal notificação é apenas uma forma de manifestarmos nosso inconformismo perante a Escola de nossas crianças, mas, na verdade, devemos estar atentos e participativos para levantarmos essa bandeira onde estivermos e cobrarmos de nossos governantes – aliás, nossos vereadores tem competência legal para intervirem em tal questão a nível local -, a não aprovação de medidas dessa natureza, de maneira a garantirmos que o ensino de nosso país, já tão desprestigiado, não seja usado para esse infame intento.
Que Deus nos ajude e dê sabedoria para vivermos nesses dias tão difíceis.
“Sabe, porém, isto, que nos últimos dias virão tempos difíceis;
pois os homens serão amantes de si mesmos, avarentos, pretensiosos, soberbos, maldizentes, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, insolentes, presunçosos, amando mais os prazeres do que a Deus, tendo a aparência de piedade, porém negando o poder dela. Foge também destes homens”.
2 Timóteo 3:1-5
Vagner Antônio de Souza é Advogado e Procurador Municipal de Cachoeiro de Itapemirim