Por Vera Lúcia
Ensinar é mostrar a vida a quem não viu.
A contribuição que trago hoje é para ser refletida por pais e educadores fundamentada numa perspectiva poética do fantástico Rubem Alves. O foco central de nossa reflexão é nosso filho/aluno da faixa de 0 a seis anos.
Afirma esse grande educador que existem escolas Asas e escolas Gaiolas. Precisamos estar prontos no mundo de hoje a estimular, sondar, questionar, apontar, mostrar possibilidades conhecer o que já existe para estimular o impulso do vôo.
Não podemos mais em hipótese alguma trabalhar uma fase tão rica e estimulante como essa de zero a seis anos criando muros, definindo caminhos, travando as descobertas e o conhecimento e impedindo a troca de informações. Precisamos estimular nossas crianças a ver o mundo e expressar o que está vendo, expressar seu saber para encontrar com o saber do outro e caminhar desenhando seu conhecimento e sua busca rumo ao crescimento.
Em que escola está seu filho?
Rubem Alves afirma que:
"Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.”
Escolas que são gaiolas, diz ele, existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaro engaiolado sempre tem um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que eles amam são pássaros em vôo. As escolas asas existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado, só pode ser encorajado.
Ensinar é mostrar a vida a quem ainda não viu.
A primeira tarefa da educação é ensinar a ver.
É através do olhar que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos tem que ser educados para que nossa alegria aumente" (Rubem Alves).
Aprendemos palavras para melhorar os olhos. São as crianças que sem falar nos ensinam razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir, no entanto elas sabem o essencial da vida.
Precisamos dessa compreensão para que possamos eliminar de nossas vidas a cobrança do mecânico e pré-estabelecido como critério para dizermos que nossos filhos são melhores porque já sabem na medida em que a sociedade está estabelecendo. O mundo de hoje precisa que a formação de nossos filhos não tenham barreiras, que a busca seja o principal mérito do processo e que cresça enquanto busca, quanto mais perguntas, quanto mais quer saber, quanto mais encontra e quanto mais acha dúvidas e corre atrás de respostas mais está preparada. Nesse processo contínuo fazer escolhas e encontrar respostas e perguntas continuamente é o ponto alto do desenvolvimento de nossas crianças…
E para isso precisam de escolas que encorajem o vôo. Escolas e Mestres que amem o vôo dos pássaros e não os que os aprisionem em gaiolas que impedem nossas crianças de voar com toda beleza que a liberdade proporciona. Queremos e buscamos a Escola Asa, lutamos para isso, estudamos sem cessar como fazer isso e precisamos contar com apoio e compreensão das famílias para conseguirmos: Ser Escola Asa.
Vera Lúcia Pereira Dias é Educadora, Socióloga, Consultora Educacional, atuando no processo de revitalização das Instituições Educacionais, em Processos Estratégicos de Gestão e Políticas Sociais e Educacionais.