Por Vera Lúcia
Você já deve ter ouvido - ou até repetido- a afirmação: está cada vez mais difícil lidar com os alunos porque eles não respeitam limites. Será que isso é uma realidade? Yves de Lá Taile, professor da USP e uma das maiore referências em psicologia moral no país explora a questão na obra em limites: três dimensões Educacionais.
Na obra o autor discute uma proposta sobre o que deve ser a educação moral e as responsabilidades que os adultos têm sobre ela. Para Yves a noção de que o castigo seria a única solução para a indisciplina precisa dar lugar a uma concepção que tenha como objetivo final formar indivíduos capazes de respeitar valores como-a solidariedade e a tolerância de forma autônoma e madura - não por medo da punição. Yves trás uma ideia de uma educação moral que não deve ser transmitida como doutrina, mas vivenciada. Castigo é uma forma de punição que busca evitar comportamentos indesejáveis ou ou antiéticos no ambiente escolar. O termo está associado a questões expiatórias, que em geral não tem relação com o ato praticado.
Por exemplo se um aluno estraga um material de uso coletivo, a escola lhe dá uma suspensão em vez de mostrar quanto aquilo prejudicou os colegas e propor que ele arrume ou arque com o prejuízo.
Em geral o castigo não funciona. O ideal é adotar sanções por reciprocidade, que ajude o aluno a enxergar as consequências de uma má atitude é repará-las, para que ele entenda o valor da regra.
Se um aluno estraga ou suja um ambiente de propósito, pode ser chamado para uma conversa para refletir como aquilo atrapalha a aula e pensar em como corrigir o que foi feito - consertando o estrago. Outras opções como pedir desculpas ao colega ofendido, rodas de conversa para discutir atos de indisciplina e pactuar mudanças e atitudes.
Tudo isso vem contribuir para o crescimento e amadurecimento da pessoa.
Penso ser desgastante chamar o responsável a escola para informar o que o filho fez, pois se o ato praticado foi na escola é ali que ele precisa aprender o preço para a falta dele e não tirando muitas vezes o pai de seus compromissos para discutir a questão e nesse processo muitas vezes causando desgaste a todos os atores e não causando nenhum retorno.
Outro transtorno é diante da indisciplina do aluno desencadearmos uma falação sem fim onde o aluno nem ouvindo esta e depois como castigo dar uma punição que sabemos que ele não terá maturidade para entendê-la e cumpri-la.
Pensemos como educadores nessas questões e vamos ensinar nossos alunos a responsabilidade por seus atos e as consequências de suas Ações.
Pedro Annunciato
Texto publicado em Nova Escola
Vera Lúcia Pereira Dias é Educadora, Socióloga, Consultora Educacional, atuando no processo de revitalização das Instituições Educacionais, em Processos Estratégicos de Gestão e Políticas Sociais e Educacionais.