Por Wesley Louzada
Parece ser um consenso – coisa absolutamente rara na atualidade em nosso país - entre os brasileiros que a democracia é o melhor regime político que podemos aspirar viver em nosso país. Qualquer das alternativas que se colocam a ela não parecem muito atrativas à maior parte de população.
Um grande amigo, a quem muito admiro, costuma dizer em tom irônico que “a ditadura é o melhor regime, desde que o ditador seja eu...” (friso, pois ultimamente tudo o que se coloca pode receber outra interpretação, a frase é dita por um democrata, em tom absolutamente irônico, para demonstrar que qualquer alternativa fora do regime democrático somente pode interessar a quem ilegitimamente tome o poder ou a seus apaniguados).
Por outro lado, um grande grupo dentre estes brasileiros que se colocam como defensores da democracia, ao serem questionados acerca de sua posição nas eleições, manifesta desilusão com a política e afirma que não votará ou votará em branco. Ora, nada mais contraditório.
O que é a democracia senão a escolha por parte da maioria acerca dos grandes temas nacionais? Qual a maior vantagem deste regime senão o fato de que nas mãos do cidadão comum (uma pessoa, um voto), seja ele quem for, de qualquer classe social, credo, sexo, idade, região do país, está escolher representantes que terão um mandato seu para, em seu nome, indicar os rumos do país?
A omissão (falo com todo o respeito àqueles que optaram por tal postura) em nada contribui para a consolidação de nossa jovem democracia, para o aperfeiçoamento das instituições nacionais e para a busca de soluções a fim de dar cabo à atual crise por que passa o país, crise esta talvez sem precedentes em nossa história.
Por outro lado, esta postura contribui para a escolha do pior nome à disposição para cada cargo. A questão é matemática: se o eleitor que tem o direito de votar e tem em suas mãos a possibilidade de escolher o melhor postulante a cada cargo não o faz, há um voto a menos no candidato mais indicado, o que facilita a vida dos oportunistas e desonestos, que, assim, não terão que conquistar mais um voto.
Se democracia é o que desejamos, melhor que comecemos a agir já. Escolher o melhor candidato segundo os nossos princípios e valores e cobrar do eleito que cumpra os compromissos de campanha. Cobrar independentemente de quem seja o eleito, na medida em que, encerrada a votação e apurados os votos, os eleitos tornam-se representantes não somente daqueles que neles confiaram, mas de toda a população. O direito/dever de cobrar não se restringe aos que votaram no vencedor, mas, sim, pertence a toda a população.
Ainda que o descrédito seja grande, a omissão neste momento crucial vivido por nosso país é a pior alternativa para a solução de nossos problemas.
Que possamos todos votar de forma consciente e refletida e que Deus ilumine e abençoe o Brasil.
Wesley Louzada é advogado, Mestre em Direito, Doutor em Direito e Professor Universitário.