Por Roberta Cruz
No próximo mês, no dia 1º de agosto é comemorado o Dia Mundial da Amamentação, data criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação pró-amamentação (World Alliance for Breastfeeding Action - WABA) com a finalidade de promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo. A data é comemorada dentro da Semana Mundial de Aleitamento Materno, que ocorre em 120 países anualmente entre os dias 1º e 07 de agosto.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a amamentação é a principal forma de fornecer ao bebê os nutrientes necessários para sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Nos primeiros seis meses de vida, deve ocorrer o aleitamento materno exclusivo, sem a complementação com nenhum alimento. Após o período de seis meses, outras substâncias podem ser oferecidas à criança. Vale salientar que vários estudos sugerem que crianças devem ser alimentadas com leite até, pelo menos, os dois ou três anos de idade.
No leite materno, a criança encontra não só as substâncias necessárias para a sua nutrição, mas também anticorpos fundamentais para protegê-la no início da vida. Estudos comprovam que a mortalidade por doenças infecciosas é menor em crianças que são amamentadas. O leite materno também garante proteção contra infecções respiratórias, evita casos de diarreia e o seu agravamento, além de diminuir os riscos de alergia.
No que diz respeito aos benefícios a médio e longo prazo, a amamentação faz com que as crianças apresentem pressões arteriais mais baixas, menores níveis de colesterol e uma redução do risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2. Nesse último caso, podemos destacar o fato de que a mulher que amamenta também apresenta esse risco reduzido.
Para a mulher, o aleitamento também traz benefícios, merecendo destaque a proteção contra o câncer de mama e de ovários, bem como a diminuição dos riscos de morte por artrite reumatoide. Nos primeiros seis meses, o ato de amamentar pode garantir uma proteção contra uma nova gestação. Estudos indicam que a ovulação está relacionada com o número de mamadas diárias do bebê, sendo assim, ela ocorre mais antecipadamente em mulheres que amamentam menos vezes. Podemos destacar ainda que a amamentação cria um maior vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.
Para aquelas mulheres que por algum motivo não podem amamentar, o leite materno pode ser conseguido nos chamados Bancos de Leite Humano. Esses bancos são mantidos graças às mulheres na fase de amamentação que apresentam excesso de leite e realizam a doação, garantindo, assim, qualidade de vida para outras crianças.
Para os fonoaudiólogos, amamentar o bebê significa também prepará-lo para falar, já que o aleitamento materno promove o crescimento osteomuscular harmonioso, equilíbrio da musculatura oral, arcadas dentárias, língua e estimula a respiração nasal. Pode-se dizer que aleitamento materno é a academia do bebê. Para que haja um bom padrão articulatório, é necessária uma estimulação desde o nascimento. As estruturas envolvidas no ato de sugar serão as mesmas estruturas utilizadas mais tarde para mastigar e falar.
O posicionamento adequado do bebê durante a amamentação é muito importante para que haja uma pega correta e não machuque os mamilos. A mãe deve sentar de forma confortável em um ambiente mais tranqüilo quando possível, apoiar o braço que vai segurar a cabeça do bebê em um ângulo de 90 graus e levar o seu filho até a mama, nunca a mama até ele. Não segurar a mama com os dedos em formato de tesoura. O bebê deve ficar um pouco inclinado, com sua cabeça mais alta que o corpo, sua barriga bem virada e próxima a barriga da mãe e a boca deve estar bem aberta para abocanhar todo o mamilo e parte da aréola.
DICA: Hidratar seu mamilo é importante para que não haja fissuras, por isso, extraia algumas gotas do seu próprio leite, passe sobre eles e deixe-os secar, repita esse procedimento após o banho e antes e depois de cada mamada.
A amamentação no seio também beneficia a criança em relação ao aspecto nutritivo e estabelece o vínculo entre mãe e filho, além disso, as mães passam a ter reduzido risco de câncer de mama, útero e ovário e recuperam a forma física mais rapidamente, pois quando ela está amamentando o útero se contrai, diminuindo assim de tamanho, além de ser prático e econômico.
Na maternidade, o fonoaudiólogo normalmente compõe a equipe multidisciplinar que assiste mães e bebês nos primeiros dias e pode ajudar muito encontrando posições confortáveis durante a mamada que favoreçam a dupla, ajustando a pega e permitindo, dessa forma, uma boa ordenha do seio, além de evitar fissuras e mamadas inefetivas. Além disso, para os bebês com dificuldades, o fonoaudiólogo com experiência na área neonatal é o profissional mais habilitado na avaliação do sistema motor oral do bebê (língua, lábios, palato, bochecha, sucção nutritiva e não nutritiva etc.) – o que permite a identificação precoce de possíveis padrões alterados. Dessa forma, junto à mãe, podemos planejar estratégias e propor exercícios que favoreçam a adequação desses padrões.
Fonoaudiólogos também estão presentes nas UTIs neonatais, avaliando as condições do bebê para uma alimentação/amamentação efetiva e segura. Mas ainda assim, muitas vezes, as dificuldades teimam em aparecer ou permanecer mesmo quando mãe e bebê estão em casa. Dor pra amamentar, dúvidas sobre o comportamento dos bebês durante a mamada, questões relacionadas ao ganho de peso, produção láctea, retomada da amamentação exclusiva, relactação, consequências decorrentes do uso de utensílios como bicos de silicone, conchas, bicos artificiais, dentre tantos outros. Por vezes, são muitas as dúvidas que assolam as mães nesses primeiros dias ou meses. Profissionais das mais diversas áreas podem auxiliar as famílias em muitas dessas questões e, o fonoaudiólogo atuante em saúde materno-infantil, certamente, também é um deles.
Depois de saber de todos esses benefícios que a amamentação proporciona para mãe e filho, amamente seu bebê exclusivamente no peito pelo menos até os seis meses de vida.
Salmos 22:9
"Contudo, tu mesmo me tiraste do ventre; deste-me segurança junto ao seio de minha mãe."
Extraído:
http://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-mundial-amamentaca
http://www.hospitalestrela.com.br/conteudo/0,1613_a-amamentacao-e-a-fonoaudiologia
http://mamaholic.com.br/amamentacaoefonoaudiologia/
Roberta Cruz Figueiredo é Fonoaudióloga formada pela Universidade Católica de Petrópolis e Especialista em Voz pelo Núcleo de Estudos da Voz, Clinvoz, Niterói- RJ.