10.03.2020

Polarização X Centralização

 

 

Algumas palavras ganharam força em nosso vocabulário recentemente. Palavra como empoderamento, por exemplo, nem está incluída no corretor ortográfico do seu aplicativo de texto em seu computador (a não ser que você já tenha adicionado). Uma outra palavra que vez ou outra nos vem aos nossos ouvidos ultimamente, é a palavra polarização.

 

Muito utilizada nos contextos físicos, eletroeletrônicos e na própria ciência o termo polarização ganhou com força os campos sociais, políticos e até religiosos. Polarizar remete a ideia de concentração de pontos de vistas diferentes, vou mais longe, de pontos de vista opostos.

 

A forma como a sociedade vem se reorganizando em todas as suas esferas vem proporcionando a criação de uma série de pontos de vistas, ou polos, como você preferir, que estão nos levando a uma geração completamente “polarizada” em todos os assuntos concernentes a vida humana.

 

Veja bem, pontos de vistas, opiniões contrárias, isso é muito antigo, a própria bíblia registra vários momentos onde seus personagens divergem de ideias e até ideais. E temos o grande exemplo de Judas, que mesmo convivendo com o Mestre tinha uma opinião muito mais politizada sobre Jesus do que uma visão de um Reino Espiritual.

 

E o que mudou desse tempo para hoje? É exatamente este contexto que precisamos nos debruçar. A polarização ganhou um aspecto muito passional digamos assim, nossas opiniões não só estão no campo da divergência de ideias que por muitas vezes é salutar. Mas a polarização trouxe uma espécie de “radicalização da opinião” tornando os polos de ideias não só um campo de reflexão ou convergência mas um verdadeiro campo de guerra, onde por vezes ganha quem grita mais alto, ou quem tem mais força gerando até muita violência nos dias de hoje.

 

Como toda movimentação social a polarização tem alcançado os nossos contextos eclesiásticos e quase sempre mais precoce em nossas juventudes. Ao longo da minha caminhada que já chega aos 19 anos, hoje temos tido como líderes, muito mais dificuldades em abordar determinados assuntos com a garotada de hoje, do que com a geração de adolescentes na qual eu comecei minha caminhada nos anos 2000.

 

Essa maneira fragmentada e radicalizada das demandas modernas estão se distanciando cada vez mais do ideal bíblico. De forma sutil em alguns momentos e de forma agressiva em outras, a polarização tem nos afetado de forma nociva fazendo enfraquecer a mensagem tão importante que carregamos. Uma mensagem redentora, que vai além das nossas esquizofrenias sociais e que nos leva para um contexto bíblico de unidade, aceitação e centralização no que de fato nos une: Jesus.

 

Paulo no texto de Romanos 15 versos 5 a 7 nos mostra um caminho que vai da vida polarizada para o contexto bíblico da centralidade em Jesus, ele nos diz: “O Deus que concede perseverança e ânimo dê a vocês um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma com que Cristo os aceitou, a fim de que vocês glorifiquem a Deus.”

 

É nosso papel como líderes trabalhar para que a nossa juventude se estabeleça num contexto digamos “neopragmático”, repensando nossa práxis, e levando-os ao contexto bíblico da centralidade.

Pensando nisso e tendo como base o texto de Paulo, (que com toda certeza já estava sendo influenciado por todos os múltiplos contextos existente da sua época: romano, grego, judaico, estrangeiros, escravos e etc.), seguem algumas sugestões para que você aplique em seu contexto ministerial nesse tempo tão dividido, fragmentado e desconexo.

 

Vamos lá...

 

1. Estabeleça a unidade do seu ministério a partir de Deus e não da sua liderança; Temos uma tendência de acreditar que nós líderes somos o motivo, razão e circunstância do ministério. Não caia nessa armadilha, ministério centralizado em pessoas estão sempre propícios aos efeitos negativos da polarização. “O Deus que concede perseverança e ânimo dê a vocês um espírito de unidade”.

 

2. Crie um ambiente positivo e de pertencimento. Quando nossa juventude investe emocionalmente numa jornada em comum os pontos polarizados podem encontrar um caminho de convergência. “Para que com um só coração”.

 

3. Não deixe “fios soltos”, quando as opiniões estiverem trilhando caminhos opostos faça-os lembrar da visão e da missão pelo qual o seu ministério existe. Quando sabemos o caminho, fica mais fácil compartilharmos aos outros em uma só voz. “E uma só voz vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.”

 

4. Não critique ou “persiga” quem pensa diferente de você, aceite-os e faça com que eles se sintam acolhidos. É um desafio, mas é muito melhor tê-los por perto, cuidando e crescendo com eles nestas realidades. “Aceitem-se uns aos outros, da mesma forma com que Cristo os aceitou”.

 

5. Para finalizar, nunca perca de vista a nossa finalidade, ela nos remete a nossa centralidade: Jesus. É Jesus que deve ser o centro de nossas ações, de nossos eventos, de nossa prática, de nossa existência, de nossa essência. Isso nunca pode ser perdido de vista.

Polarização ou Centralização? Sem sombras de dúvidas é na unidade em Cristo que reencontraremos o ânimo, a esperança, a unidade, a fé e a realização de nossos ministérios.

 

 

Um abração!

 

 

 

 

Pr Hugo Pereira Sampaio

Ministro da Juventude