18.04.2016

Marcos

 

 

Base Bíblica: Marcos 16

 

 

Com 16 capítulos e 661 versículos, Marcos é o menor livro entre os evangelhos. Provavelmente, o primeiro evangelho a ser escrito e usado como referência por Lucas e Mateus em seus respectivos escritos. Não há muitos questionamentos quanto ao título do livro uma vez que o sobrescrito rego kata markon (segundo Marcos) aparece na maioria dos manuscritos mais antigos. De maneira unânime, os pais da igreja também reconhecem João Marcos como autor, embora os evangelhos de modo geral não identifiquem seus autores.

 

O evangelho enfatiza Cristo como “Servo” (Mc 10:45). Claramente Marcos foi escrito para evangelizar gentios no império romano, assim como motivar os crentes daquela região a viverem como servos de Cristo.

 

1.    Visão Panorâmica

 

1.1  Informações Básicas

 

a.    Grupo:                       Evangelhos sinóticos

b.    Autor:                        João Marcos

c.    Data:                          50-60 d.C.

d.    Local:                         Roma (?)

e.    Alvo:                          Gentios romanos

f.     Versículo-chave:      Marcos 10:45

g.    Expressão-chave:    Servo

 

1.2  Esboço

 

 

1.3  Marcos em uma Sentença

 

Marcos mostra Deus agindo na história por meio de Jesus, Servo e Filho de Deus, de maneira sintética e direcionada aos gentios.

 

2.    Características do Evangelho

 

2.1  Autor

 

João era o seu nome hebreu; Marcos, o nome latino. Viajou para Antioquia, na companhia de seu primo Barnabé e do apóstolo Paulo na primeira viagem missionária (At 12:25; 13:5). Depois, na Panfília, desertou e foi objeto de discussão entre Barnabé e Paulo (At 15:36-40). Entretanto, mais tarde, Marcos ajudou Paulo durante o tempo em que o apóstolo esteve em prisão domiciliar em Roma (Cl 4:10; Fm 24). Durante a segunda prisão em Roma, Paulo pediu a visita de Marcos (2Tm 4:11), mostrando assim que um fracasso nem sempre impede permanentemente a utilidade da pessoa.

 

2.2  Aspectos Literários

 

O livro registra muitos milagres e dois sermões extensivos contendo quatro parábolas. Com poucos sermões, pouca citação de parábolas e forte ênfase nos milagres, pode-se notar que o autor se propôs a destacar os atos de Jesus. Por seu foco no povo gentílico, o autor não se preocupou com a apresentação de aspectos característicos da cultura judaica: genealogias, leis ou profecias judaicas. São poucas as citações do AT.

 

2.3  Relação entre Pedro e Marcos

 

Visto que o Evangelho de Marcos é provavelmente baseado nos sermões de Pedro, torna-se evidente porque não há narrativa do nascimento de Cristo. Marcos registra a partir da experiência cristã de Pedro, quando Jesus já era adulto. O evangelho reflete a própria teologia de Pedro da pessoa de Jesus.

 

2.4  Destinatários

 

Marcos escreveu para os gentios, possivelmente para os romanos, e temos então explicações de costumes judaicos (Mc 7:3) e explicações de palavras judaicas (Mc 3:17; 5:41; 7:11,34). Notamos ainda o uso de termos latinos como “legião” e “centurião”. Para o gentio, a genealogia de Jesus não teria interesse, portanto Marcos começa logo com o relato do ministério de Jesus. O romano se interessava mais pela ação. É interessante notar que metade do livro de Marcos é narrativa dinâmica, e a outra metade são ensinos e discursos. Trata-se de um livro de ação. As palavras “imediatamente” e “logo” aparecem mais de 40 vezes.

 

3.    A Cristologia do Evangelho

 

São dignos de admiração o entendimento e a explanação do evangelista acerca de Jesus Cristo. Marcos preocupou-se intensamente em apresentar detalhes da pessoa e dos atos de Cristo ao longo do Seu ministério.

 

3.1  Identidade

 

a.    Jesus Homem: Na cristologia de Marcos, Jesus é apresentado como homem: orou (Mc 1:35; 6:31), comeu (Mc 2:16), bebeu (Mc 2:15-16), sentiu fome (Mc 11:12), tocou as pessoas (Mc 1:41), foi tocado pelas pessoas (Mc 5:27), entristeceu-Se (Mc 3:5), indignou-Se (Mc 10:14), sentiu sono e cansaço (Mc 4:38), teve corpo humano (Mc 15:43) e morreu (Mc 15:37).

b.    Jesus Deus: Todo o livro de Marcos apresenta a divindade de Jesus: domínio sobre a enfermidade (Mc 1:40-45; 8:22-26; 10:46-52), domínio sobre os demônios (Mc 1:32-34), domínio sobre a morte (Mc 5:21-24, 35-43), domínio sobre a natureza (Mc 4:35-41; 6:48; 11:13-14, 20); conhecimento do futuro (Mc 8:31; 9:9; 10:32-34; 14:17-21).

 

Nota: As duas naturezas de Cristo, divina e humana, se completam perfeitamente (Mc 4:38-39; 6:34, 41-43; 8:1-10; 14:32-41).

 

c.    Jesus, o Filho de Deus: A pergunta “quem é este homem” é repetida várias vezes no livro, indicando a necessidade da afirmação de Cristo como Messias e Servo. A resposta pode ser encontrada em várias passagens.

 

Pelo Pai (Mc1:4; 9:7); por Cristo (Mc 14:62); por espíritos imundos (Mc 1:24; 3:11; 5:7); por Pedro (Mc 9:7); Bartimeu (Mc 9:7; centurião romano (Mc 15:39).

 

O livro também apresenta momentos de tensão a respeito da identidade de Cristo: povo (Mc 1:27); escribas (Mc 2:7); discípulos (Mc 4:41); multidão (Mc 6:2); religiosos (Mc 11:28); sumo sacerdote (Mc 14:61) e Pilatos (Mc 15:2).

 

d.    Jesus Salvador: Numa de Suas declarações, Jesus deixou claro que veio para “dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:45). Marcos apresenta um Cristo sofredor, mas acima de tudo, redentor daqueles que professam a fé em Seu nome.

 

3.2  Milagres

 

Percebe-se claramente a ênfase do evangelista na obra milagrosa de Jesus. Provavelmente por seu interesse em comprovar que Cristo é o Messias, Filho de Deus, e pela ênfase nas ações do Senhor Jesus Cristo.

 

Curas: endemoninhado da sinagoga (Mc 1:21-28); sogra de Pedro (Mc 1:29-31); leproso (Mc 1:40-45); paralítico (Mc 2:1-12): homem com a mão ressequida (Mc 3:1-16); endemoninhado gadareno (Mc 5:1-14); surdo e gago (Mc 7:31-37); cego (Mc 8:22-26; 10:46-52); jovem endemoninhado (Mc 9:14-29); exorcizou várias pessoas (Mc 1:32-34, 39; 3:7-12, 6:53-56).

 

Natureza: acalma a tempestade (Mc 4:35-41); ainda sobre o mar e acalma o vento (Mc 6:45-52).

 

Ressuscita: filho de Jairo (Mc 35-43).

 

Multiplicação dos pães e peixes: (Mc 6:30-44; 8:1-9).

 

Transfigura-se: (Mc 9:2-8).

 

3.3  Última Semana

 

A estrutura de Marcos revela que a última semana da vida de Jesus (ou os últimos oito dias) é o grande foco do evangelista e ocupa cerca de um terço de todo o evangelho. A significância da semana da paixão de Cristo é óbvia.

 

4.    Marcos na Prática

 

Marcos apresenta muitos fatos e lições importantes para a vida de todo cristão.

 

·         Afirma a Cristo como Messias prometido no At (Mc 1:2-6).

·         Evidencia a Cristo como Filho de Deus (Mc 1:1).

·         Testemunha os milagres de Cristo (Mc 1:21-28).

·         Consolida o ensino da vitória de Cristo sobre a morte (Mc 16:1-8).

·         Ensina que em Cristo há poder para curar (Mc 5:30).

·         Ratifica a salvação por meio da fé em Jesus Cristo (Mc 5:34).

·         Anuncia a ordem de evangelizar (Mc 16:15).

 

As lições citadas não representam todo o ensino do evangelho. Listamos apenas algumas para encorajá-los a lerem o Evangelho segundo Marcos e a praticarem todas as lições apresentadas.

 

Conclusão

 

Marcos possui uma característica marcante que é o movimento rápido nos relatos. O evangelista não teve preocupação em longos registros. Marcos revela, de maneira rápida, as obras de Jesus, porém não teve menos fidelidade que os escritores dos demais evangelhos. O versículo central de Marcos registra a essência do evangelho: “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10:45).

 

 

 

 

 

 

Fonte: Revista Vida Cristã –Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br