26.09.2016
Texto Básico: 2Reis 4.8-17
Texto Devocional: 2Reis 4.1-7
Versículo-Chave: Tiago 1.27: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.”
Alvo da Lição: Mostrar que as virtudes que tornam um servo de Deus bem-sucedido naquilo que faz e no trato com as pessoas estão relacionadas principalmente à sensibilidade, imparcialidade, solidariedade e prestatividade.
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O que Deus procura ao escolher alguém para uma determinada tarefa? Procura habilidades e talentos especiais? Acaso não é Ele mesmo quem concede os dons e os talentos? O que procura, então, o Senhor? – “Deus está à procura de pessoas com qualidades morais e com caráter íntegro”. Este é o ponto inicial, a partir do qual Deus passa a moldar e capacitar Seus escolhidos para a obra que tem em mente.
Eliseu representa bem esse princípio! Afinal, o que Deus viu em Eliseu?
- Viu um homem amoroso, que deixou tudo pelo ministério, mas não deixou de amar e honrar seus pais (1Rs 19.20).
- Viu um homem espiritual, que abriu mão de seus interesses para buscar os interesses de Deus (2Rs 2.9); e quando lhe foram oferecidas riquezas terrenas preferiu as riquezas de Deus (2Rs 5.5; 8.9).
- Viu um homem humilde e corajoso, disposto a servir Elias de forma abnegada (2Rs 3.11); que não se rebaixou perante os poderosos da terra (2Rs13.13-14).
- Viu um homem atencioso e prestativo, capaz de transpor os “tabus” de seus dias para atuar em favor até mesmo dos proscritos e desamparados. Sim, Deus viu um homem sensível e disposto a socorrer os indefesos de uma sociedade intolerante e preconceituosa.
I. Um profeta solidário
(2Rs 4-13)
A sociedade de Israel era sobremodo injusta em relação às mulheres e crianças, vetando-lhes até mesmo os direitos e privilégios garantidos por Deus ao Seu povo. Mesmo em tempos de avivamento espiritual, elas eram vistas como seres inferiores, impedidas de participar dos cultos, das assembleias e das festividades religiosas. Imaginem, então, numa época de apostasia, em que o temor de Deus havia desaparecido; numa época em que cada um fazia o que queria, ignorando por completo as leis de Deus!
Eliseu era compromissado com Deus, não com as tradições, por isso não se calou frente à injustiça, nem se deixou moldar pela teologia deturpada daqueles dias. Em seu ministério, mais do que no de qualquer outro profeta, a mulher foi valorizada e seus direitos respeitados. “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1.27).
Aplicação: A decadência moral enxerga o pecado como um “estilo de vida” e a injustiça social como um “capricho do destino”. Mas os que vivem na integridade e no compromisso com o Senhor não podem se calar, nem virar o rosto, nem cruzar os braços. Vivamos a verdadeira religião!
Foi naquele difícil contexto que a esposa de um seminarista ficou viúva. Como herança, o aprendiz de profeta deixou-lhe dois filhos para criar e uma dívida para saldar. Não havia pensão, não havia seguro de vida e não havia ninguém por ela. Por isso, não tardou surgirem os “abutres do lucro fácil”, ávidos por confiscar-lhe os filhos, com “as bênçãos da lei”, da injusta lei que transformava o devedor num objeto comercial do seu credor.
O credor da narrativa tinha o direito de escravizar aqueles meninos por um período de até 6 anos (Êx 21.2), ainda que a dívida em questão fosse insignificante. Tal injustiça já havia sido veementemente condenada por Deus, pelos lábios do profeta Amós (Am 2.6-8), mas a sórdida ganância fez mofar a consciência daquela geração.
Aplicação: Os contemporâneos de Eliseu abusavam das crianças, tolhendo-lhes o direito, o respeito e a dignidade. E os nossos contemporâneos, não têm feito o mesmo? Nossas crianças têm sido comercializadas; sua inocência tem dado lucro a muita gente; seu corpo angelical tornou-se um objeto de desejo; suas mãos delicadas se transformaram em “mão de obra barata”. Não podemos nos calar, nem fingir que nada acontece.
Não tendo a quem mais recorrer, a pobre viúva apelou ao profeta Eliseu, apesar de saber que este também não possuía recursos financeiros. Confiava que ele encontraria em Deus uma saída para a crise. E encontrou mesmo, pois tal como Elias fizera em Sarepta (1Rs 17), usou do pouco que ela tinha para resolver a questão. Diga! O que é que você tem em casa? Não tenho nada, a não ser um jarro pequeno de azeite! (2Rs 4.2). Retrucou o profeta. Então, usaremos isso, e Deus te ajudará na proporção de tua fé... arrume vasilhas emprestadas e encha cada uma delas (2Rs 4.3-5). O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servindo como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos. Aquela mulher demonstrou o seu valor por meio da fé, e por meio de um especial empenho para vender rapidamente o produto e saldar suas dívidas.
Aplicação: Há grande suprimento para toda necessidade quando Deus intervém. Coloque tudo o que tem nas mãosde Deus e, ainda que seja pouco, se fará mais que suficiente.
II. Um profeta prestativo
(2Rs 4.8-37)
Na cidade de Suném, perto do mar da Galileia, havia uma senhora casada com um próspero fazendeiro que se mostrou generosa para com o profeta, dando-lhe boa acolhida em sua casa e até construindo um quarto extra, especialmente para hospedá-lo em suas passagens por lá. Ela tinha tudo o que precisava, mas não tinha o que mais desejava – um filho.
Em Israel a ausência de filhos era sempre motivo de chacota e desprezo, e ainda que o marido fosse estéril ou demasiadamente velho, a culpa sempre recaía sobre a esposa. A sunamita, apesar da tranquilidade financeira, carregava sobre si esse imenso desconforto. Eliseu, por sua vez, retribuiu a generosidade intercedendo pelo milagre de um filho, e Deus concedeu-lhe essa graça.
Aplicação: Nem sempre temos os recursos que gostaríamos para socorrer os irmãos em suas aflições, mas temos sempre abundância de bênçãos para compartilhar – a “intercessão”. Um bom exemplo disso nos deixaram os apóstolos Pedro e João. “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6).
Passados alguns anos aquela criança adoeceu gravemente e acabou falecendo nos braços da mãe. Ela, que no início duvidara da promessa de Eliseu, agora, amadurecida na fé, pôde crer na restituição miraculosa de seu filho perdido. Agiu rapidamente no sentido de encontrar o profeta e nem contou ao marido o que havia ocorrido, na certeza de que Deus resolveria a questão antes que a tragédia viesse à tona. Eliseu deixou tudo o que estava fazendo para vir em socorro da mulher e da criança, e ao chegar na casa fez duas coisas: clamou a Deus e tentou aquecer aquela pequena vítima.
O método de Eliseu funcionou. Deus ouviu o seu clamor e, com isso, a confiança daquela mãe, mesmo em meio às lágrimas, foi surpreendentemente recompensada. Prostrou-se aos pés de seu benfeitor, cheia de júbilo, e saiu com o filho nos braços glorificando a Deus.
Aplicação: Aquilo que cabe a nós, isso devemos fazer, pois Deus mesmo concedeu os meios naturais que nos ajudam a sobreviver. Há, porém, coisas que só pela força sobrenatural de Deus podemos obter; graça concedida pela oração.
Passaram-se mais alguns anos e, novamente, Eliseu mostrou-se atencioso voltando à casa da mulher sunamita especialmente para alertá-la quanto a um longo período de fome que estava por vir sobre Israel (2Rs 8.1-6). Seguindo o conselho do profeta, a família mudou-se para a terra dos filisteus até passar a estiagem, mas quando voltaram, sua casa e suas terras haviam sido invadidas. A sunamita, que agora era viúva, não conseguia fazer com que seus direitos fossem respeitados, mesmo indo apelar ao rei.
Pela providência de Deus, justamente na hora em que a sunamita estava tentando uma audiência com o rei, este se mostrava bastante interessado nos grandes feitos de Eliseu, e isso influenciou positivamente em sua petição. “Interrogou o rei a mulher, e ela lhe contou tudo. Então, o rei lhe deu um oficial, dizendo. Faze restituir-se-lhe tudo quanto era seu e todas as rendas do campo desde o dia em que deixou a terra até agora” (fiRs 8.6).
Aplicação: Quando erros são cometidos, nem sempre basta apenas pedir perdão; dependendo das circunstâncias temos de restituir os prejuízos que causamos ou desfazer a confusão que começamos.
Conclusão
Ainda hoje, o critério de seleção que Deus usa para aqueles a quem deseja usar é o mesmo. “caráter, integridade, disposição e maturidade”. A capacitação com os dons sobrenaturais é um benefício que só Deus pode conceder, mas é preciso que mantenhamos a “base”. Eliseu realizou prodígios fantásticos, sim, mas isso era um dom de Deus; sua grande virtude, no entanto, foram a sensibilidade, a imparcialidade, a solidariedade e a prestatividade, que o levaram a transpor os preconceitos de sua época para, em nome de Deus, tornar-se bênção aos aflitos, desamparados, abatidos e injustiçados.
Fonte: Revista Vida Cristã –Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br