03.10.2016
Texto Básico: Efésios 4.11-16
Texto Devocional: 2Reis 4.38-44
Versículo-Chave: Matheus 9.37-38: “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.”
Leia a Bíblia diariamente
seg 2Rs 2.3,5,7,15
ter 2Rs 4.1,38
qua 2Rs 9.1-2
qui 2Rs 4.38-41
sex 2Rs 4.42-44
sáb Mt 4.18-24
dom 1Tm 3.1-7
Viajando de norte a sul, Eliseu proclamava a sua mensagem, sempre acompanhada de extraordinários sinais, como a dizer. “As coisas que faço, faço pelo poder Daquele que me enviou; o único e verdadeiro Deus, o Senhor, o Deus eterno (Yahweh). Abandonem, pois, a idolatria e voltem seus corações ao Senhor, nosso Deus”.
Nos dias de Elias, a apostasia e a vergonhosa idolatria haviam se alastrado entre o povo de Deus, impulsionadas pelos devaneios de Acabe e Jezabel. O povo de Deus havia trocado a glória de seu Senhor pela fútil veneração ao ídolo Baal, o “senhor da chuva”. Mas o assombroso confronto no monte Carmelo e os fenomenais prodígios de Eliseu começaram a reverter a triste situação. Aqueles que antes se escondiam pelo temor de Jezabel passaram a manifestar publicamente a sua fé. O despertamento foi tamanho que, por toda parte, surgiram “escolas teológicas” formando os mensageiros da reconciliação. Havia grupos de estudantes em Ramá, Gibeá, Betel, Gilgal e Jericó (2Rs 2.3,5,7,15; 4.1,38; 9.1-2). Parece muito, mas ainda eram insuficientes em relação à grande carência espiritual de Israel. Muitos séculos depois, o problema persistia. “A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.37-38).
No estudo de hoje conheceremos um pouco mais dessas “escolas”, seu cotidiano, seus objetivos e sua relevância. Conheceremos também a amplitude do ministério desempenhado por Eliseu.
I. Deus chama obreiros
Nem todos os profetas do passado tiveram uma formação teológica convencional. Amós, por exemplo, saiu diretamente do agreste judaico para as ruas de Samaria (capital de Israel), proclamando sua mensagem profética da única maneira que sabia. “cantando”. Com Elias deu-se o mesmo; era um homem rústico e de poucas palavras, mas o pouco que sabia usou para glorificar o nome de Deus. A maioria dos profetas, no entanto, até mesmo aqueles que nos são desconhecidos, receberam uma formação teológica mais “especializada”.
Geralmente os estudantes moravam juntos em uma casa ou em pequenas comunidades, onde o ensino era ministrado (2Rs 6.1-2). Alguns “seminaristas” eram casados e mantinham seus próprios lares (2Rs 4.1). É bem provável que tenha sido Samuel o primeiro a tomar a iniciativa de organizar esse tipo “ensino teológico” (1Sm 10.5; 19.23). A formação acadêmica dos discípulos de profetas consistia no estudo das Escrituras (os livros históricos e os poéticos) e das leis mosaicas. Havia espaço ainda para a instrução na música sacra e na poesia (1Sm 10.5). O “professor”, um profeta mais experiente, transmitia o ensino com seu exemplo de vida e seu trabalho, e eram eles mesmos que consagravam os novos obreiros à missão de reconduzir o rebanho desgarrado de Israel ao aprisco do Senhor, o pastor de nossa alma (Salmo 23).
Aplicação: As escolas teológicas são de fundamental importância nos dias atuais, dias de confusão, de apostasia, de sincretismo religioso. A obra de Deus requer o melhor, requer gente vocacionada, qualificada e compromissada para que o ministério da reconciliação seja perfeito.
II. Deus cuida de seus obreiros
A vida diária nas escolas de profetas não era nada cômoda. Os estudos eram exaustivos, as acomodações eram precárias (2Rs 6.1), a falta de recursos era uma constante (2Rs 4.1), o trabalho era árduo e, se não bastasse isso tudo, a comida era escassa, geralmente produzida por eles mesmos, em hortas comunitárias. As coisas ficaram ainda piores quando Deus enviou uma estiagem que durou sete anos (2Rs 8.1). Se a nação toda padeceu, quanto mais aqueles que deixaram tudo pelo ministério!
Aplicação: Vivemos em tempos difíceis. A economia doméstica de muitos lares cristãos está comprometida, e os efeitos dessa crise se fazem sentir no orçamento de nossas igrejas. Mas tomemos cuidado para não suceder que, ao acudir os nossos interesses pessoais ou os da igreja, esqueçamos daqueles amados membros de nossas igrejas que deixaram tudo por um chamado recebido em nosso meio: os seminaristas.
Foi exatamente nesse contexto de crise que Eliseu, o “homem de Deus”, chegou no seminário de Gilgal para uma “série de conferências”. A receptividade foi calorosa, mas a despensa estava vazia. Eliseu enviou um dos alunos ao campo para colher frutos e raízes comestíveis, a fim de preparar um sopão para todos. Mas algo saiu errado; um dos ingredientes estragou a sopa, tornando-a amarga e venenosa. A “colocíntida” (2Rs 4.39), uma espécie de pepino selvagem, em pequenas quantidades era usada para fins medicinais, mas em grande quantidade tornava-se tóxica e extremamente amarga.
Uma das coisas admiráveis nesse texto é que, embora o gosto estivesse horrível, todos comeram sem reclamar. O único comentário surgiu quando atinaram para o perigo de conter algo venenoso. Essa é uma boa lição de educação, respeito e ética. Interessante também é notar que Deus permitiu tal acontecimento para mostrar o Seu cuidado aos que a Ele se consagram. Deus usa o homem, e o homem usa o que tem à mão. Eliseu usou farinha, e esse ingrediente anulou o veneno. O milagre aconteceu, não por causa da farinha, mas pela fé de Eliseu. Ele poderia ter usado cevada, hortelã, pão ou qualquer outro ingrediente, e o resultado seria o mesmo.
Aplicação: Deus cuida de Seus servos, geralmente usando o que eles têm à mão aliado à qualidade de sua fé. A viúva do profeta (2Rs 4.1-7) colocou perante Deus o pouquinho que tinha, e no que é que deu? Da mesma forma, se usarmos aquilo que temos, ainda que seja pouco, e usarmos com fé, grandes coisas Deus fará por nós.
O ministério de Eliseu e seus discípulos começou a dar bons resultados, visto que o poder de Deus acompanhava suas pregações, enquanto Baal – o “deus da chuva”, permanecia inoperante. Um dos sinais de mudança pôde ser visto pelo fato de um homem da cidade vizinha (Baal-Salisa) ter vindo à “casa de profetas” trazer uma oferta em mantimentos para o sustento de Eliseu, conforme prescrevia a Lei de Moisés (Nm 18.13; Lv 23.10; Dt 18.4). A oferta era generosa para um só homem “professor”, mas insuficiente para cem alunos (2Rs 4.43). Era um direito de Eliseu reter a oferta só para si, pois “digno é o trabalhador do seu salário” (Lc 10.7), contudo, preferiu repartir aquela bênção com os demais colegas de ministério, e Deus abençoou a sua decisão: “todos comeram e ainda sobrou” (2Rs 4.43). O milagre operado por Eliseu com vinte pães e algumas espigas e o fato de ter ele multiplicado o azeite da viúva nos trazem à lembrança um outro grande profeta de Deus que, com cinco pães e dois peixinhos, alimentou uma grande multidão de famintos (Mt 14.15-21).
Aplicação: Aquele que entrega a sua oferta para o sustento de obreiros, com alegria no coração, certamente receberá de volta o benefício do Senhor de forma multiplicada. Aquele que reparte de bom grado as suas dádivas sempre as terá em abundância - “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também” (Lc 6.38)
Conclusão
Em qualquer época, sejam tempos de fartura ou tempos de escassez, de paz ou de guerra, de bonança ou de tempestade, a seara permanece operante, e o Senhor continua convocando trabalhadores para Sua Seara, na promessa de que sempre zelará pelos que estão a Seu serviço.
Fonte: Revista Vida Cristã –Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br