10.10.2016
Texto Básico: 1Timóteo 6.6-10
Texto Devocional: 2Reis 5.1-27
Versículo-Chave: 2Reis 5.17: “Nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao Senhor.”
Alvo da Lição: Mostrar que a fé, ainda que pequena, pode realizar grandes coisas, ao passo que pequenos deslizes na fé podem nos levar a uma grande ruína.
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A fama do profeta Eliseu repercutiu de tal maneira que atingiu dimensões internacionais, e seu poder era tanto admirado quanto temido. As notícias de seus feitos percorriam tanto os casebres como os palácios. Até mesmo o rei de Israel, fascinado com os milagres de Eliseu vivia à cata de notícias recentes (2Rs 8.4). Contudo, desprezava o melhor que Eliseu podia oferecer - a salvação de sua alma. O rei da Síria, por sua vez, encarava tais poderes como uma séria ameaça, visto que interferiam constantemente em seus planos militares (2Rs 6.8-14). Não obstante, Eliseu mostrou-se disposto a abençoar todo aquele que o procurasse, até mesmo os seus inimigos. Este deve ser também o nosso procedimento: devemos ser fonte de bênçãos por onde quer que passarmos.
I. O testemunho da fé
(2Rs 5.1-8)
Naamã era um herói de guerra, homem destacado no exército de Ben-Hadade, rei da Síria. Herói em seu país; vilão em Israel, pois em sua última incursão militar (talvez a batalha descrita em 1Rs 22), além da mortandade que provocou, ainda sequestrou muitas mulheres e crianças. Como um brinde de sua vitória, Naamã levou como presente para sua esposa uma das meninas sequestradas para servir-lhe como escrava.
O general Naamã havia conquistado tudo que desejava, mas havia perdido aquilo que mais prezava - sua saúde. Tornara-se leproso. A menina israelita, por sua vez, perdera tudo que mais amava, mas manteve saudável a sua fé. E apesar da indignação de ser raptada, de perder o contato com a amada família, de ser reduzida à vil escravidão, de perder a sua infância, de ter de servir a um tirano, inimigo de seu povo, e pior ainda, um leproso, apesar de tudo isso manteve firme sua confiança em Deus. Mostrou-se disposta a testemunhar de sua fé naquele ambiente hostil, oferecendo uma bênção àquele que a ofendera. “Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra” (2Rs 5.3).
Aplicação: Nem sempre o ambiente onde vivemos, estudamos e trabalhamos vem a ser aquilo que gostaríamos, mas nunca deixará de ser um lugar de oportunidades, onde nossa fé, mesmo com lágrimas, poderá ser semeada e mudanças alegres poderão ser colhidas (Sl 126.6).
As boas novas logo se espalharam chegando até o trono de Ben-Hadade. Aquele reino próspero e poderoso nada podia fazer em benefício de seu herói, mas o “fraco” reino de Israel, por eles saqueado, possuía homens com grande poder espiritual. O opressor agora dependia do oprimido, o forte precisava do fraco, e dessa forma o nome de Deus foi exaltado entre as nações. Ben-Hadade enviou seu general favorito ao rei de Israel, com uma grande comitiva, um batalhão fortemente armado e uma considerável fortuna, a fim de encorajar a cooperação do rei Jorão – “encontrar o tal profeta milagroso”. A abordagem de Naamã foi direta e honesta, mas o rei de Israel interpretou mal aquele pedido, confundindo com um pretexto para provocar uma nova guerra (2Rs 5.7). Sua cegueira espiritual o impedia de enxergar a grande oportunidade que Deus havia proporcionado. Imaginem a repercussão internacional que seu reino poderia obter se o grande Naamã fosse socorrido pelos “poderes de Israel”? O rei Jorão sabia que Eliseu tinha esse poder, mas a desprezível idolatria que maculara sua alma o impedia de raciocinar com clareza.
Naamã levou à presença do rei Jorão, como retribuição à sua petição, a exorbitante quantia de 10 talentos de prata (340 kg), 6.000 siclos de ouro (68 kg) e dez vestes festivais (trajes de luxo adornados com pedras preciosas). Certamente uma parte daquele tesouro caberia ao profeta que o curasse. Não tardou a que as notícias chegassem aos ouvidos de Eliseu, o qual repreendeu a estupidez do rei Jorão e sua incredulidade: “Por que rasgastes as tuas vestes? Deixa-o vir a mim e saberá que há profeta em Israel” (2Rs 5.8).
II. O exercício da fé
(2Rs 5.9-19)
Chegou Naamã, com sua comitiva, seu exército, seu poder e sua carga preciosa à casa do profeta, mas Eliseu não se deixou impressionar com toda aquela ostentação, de modo que nem ao menos se deu ao trabalho de ir saudá-lo ou festejá-lo. Conhecia o objetivo de sua visita e, provando a sua fé, mandou o seu discípulo, Geazi, ao encontro de Naamã, no portão, com a seguinte instrução: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo” (2Rs 5.10).
Aplicação: Perante Deus não há lugar para soberba; Naamã precisava aprender essa lição. Se alguém busca uma bênção de Deus, que busque isso com humildade e fé ou nada receberá. “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado” (Lc 14.11).
O arrogante general começou a desanimar e a perder as esperanças de uma cura espetacular, em função do preconceito contra o método do profeta e pela maneira como foi tratado. Desejou voltar para casa imediatamente, mas seus assessores, munidos de um sincero desejo de vê-lo curado, convenceram-no com muita inteligência, cautela e lógica. “O senhor é homem valente e nunca se negou a uma tarefa por mais difícil que fosse. Temos certeza de que o senhor faria qualquer coisa que o profeta pedisse sem hesitar ou demonstrar temor. Por que, então, não poderia fazer algo tão simples?” (v.13 parafraseado).
A questão agora estava nas mãos de Naamã. Em seu desespero, já havia crido até nos conselhos de uma escrava estrangeira, percorrera grande distância rumo ao desconhecido e fizera um considerável investimento em busca da solução para o seu drama. Faltava-lhe agora o passo final – “agir com fé”. Finalmente, o grande estadista abriu mão do orgulho e mergulhou no “lamacento” rio Jordão. Posso até imaginar a expectativa de seus companheiros. “Mergulhou uma, duas vezes, e nada! Mergulhou terceira, quarta e quinta vez, e nada aconteceu! Mergulhou pela sexta vez e não houve sequer um vestígio de mudança. A angústia foi aumentando; teria o profeta passado um trote no general? Se desistisse ali teria perdido a grande oportunidade de sua vida, mas não desistiu; exercitou sua débil fé até o fim e, por isso, o resultado foi melhor que o esperado. Não apenas obteve a cura, como também ganhou uma pele rejuvenescida, tal como a pele de uma criança.
Naamã voltou à presença de Eliseu com seu corpo purificado, sua alma lavada e suas mãos repletas de dádivas. A transformação foi completa; Deus mudou-lhe o exterior e o interior, e fez dele um novo homem. O profeta, ao olhar tamanha alegria, alegrou-se também; não pela fortuna que lhe foi oferecida, mas pela preciosidade de uma vida transformada e agora consagrada ao verdadeiro Deus.
III. O abandono da fé
(2Rs 5.19-27)
A jovem escrava exercitou sua fé, apesar da tristeza que ardia em seu coração. Naamã exercitou sua fé, mesmo com o preconceito arraigado em seu coração, mesmo com a decepção na corte do rei Jorão, mesmo não entendendo a lógica do profeta, e agora, depois de curado, exercitou mais uma vez a sua fé na convicção de que o “Deus de Israel” o acompanharia de volta a seu país (2Rs 5.17). Mas Geazi, embora conhecesse bem de perto os prodígios do Senhor, em lugar de exercitar, abandonou a sua fé, trocando o sustento de Deus por um modo “mais fácil” de prover o seu conforto.Geazi engendrou um plano diabólico para tirar o máximo proveito daquela situação. Certamente o fascínio do lucro fácil causou um desequilíbrio na mente daquele cobiçoso discípulo, a ponto de usar o santo nome de Deus para justificar sua cobiça: “tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele e receberei alguma coisa” (2Rs 5.20).
Aproveitando-se da euforia e da boa fé do novo convertido Naamã, usou o nome do profeta, inventando a chegada de novos hóspedes como pretexto para ganhar um pouco do que Eliseu recusou. E ganhou mesmo, mais ainda do que pediu; angariou para si 68 kg de prata e duas vestes festivais (2Rs 5.21-23). Bem que a palavra de Deus nos alerta. “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6.10). E, como um pecado chama outro pecado, o jeito foi continuar mentindo para acobertar o seu deslize. Mas de Deus não se esconde nada. Deus fez com que Eliseu soubesse de tudo por meio de uma visão (2Rs 5.26).
Veja como são as coisas. Um pagão estrangeiro foi curado, pela nobreza de sua fé, enquanto um israelita, um estudante de teologia, tomou o lugar do pagão, para a desonra de sua fé. Assim como Acã, Ananias e Safira, Judas Iscariotes... também Geazi vendeu sua alma por prazeres passageiros. A cobiça desse jovem só lhe trouxe maldição, pois com a prata que surrupiou de Naamã, herdou também a lepra que antes era dele (2Rs 5.27).
Conclusão
Vale a pena ler Oseias 14.1-7 - "Volta, ó Israel, para o Senhor, teu Deus, porque pelos teus pecados, estás caído."
* Com a pequena escrava aprendemos que é possível ser uma benção em qualquer situação se mantivermos viva a nossa fé;
* Naamã deixou-nos como herança o valor de se confiar nas promessas de Deus, mesmo quando não as compreendemos inteiramente;
* Eliseu nos faz lembrar que todo mundo merece uma chance, quando se mostram interessados em Deus; até mesmo aqueles que nos irritam;
* Os erros de Geazi ficaram como um alerta da tragédia que pode ocorrer quando negligenciamos a vida com Deus e preferimos prazeres do mundo (1Co 10:12).
Fonte: Revista Vida Cristã –Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br