29.07.2019
Pr. Glenn Thomas Every-Clayton
Texto Básico: Jeremias 5; 23; 27; 28
Texto Devocional: Ezequiel 13:1-9
Texto Chave: Jeremias 23:28-29: “Quem tem a palha como trigo? - diz o Senhor. Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?”
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Iniciaremos nossa jornada a partir de Jeremias 5:1-4. Desde o momento de sua chamada, Jeremias sabia que sua tarefa não seria fácil (Jr 1:17-19). Mas não imaginava, de início, de onde viria a oposição. Ele sabia que as reformas promulgadas pelo rei Josias não encontravam guarida no coração do povo comum (Jr 5:4), mas acreditava que a liderança entenderia o recado divino. Quanto engano (Jr 5:5)! “Dai voltas às ruas de Jerusalém; vede agora procurai saber, buscai pelas suas praças a ver se achais alguém, se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela” (Jr 5:1). A idolatria e a imoralidade tomavam conta de todos (Jr 5:7). A liderança espiritual devia funcionar como a consciência da nação (Jr 5:30-31), mas não exercia seu papel. A maior oposição que Jeremias teve de enfrentar veio dos falsos profetas.
I. Profeta x “Profeta”
(Jr 27-28)
1. Vamos nos Rebelar?
Começou o reinado de Zedequias, o último rei de Judá. Os reis vizinhos enviaram mensageiros a Jerusalém. (Jr. 27:3), com o intuito de montar uma conspiração contra Nabucodonozor. Aquilo não funcionaria, e Deus mandou o recado por Jeremias de maneira bem dramática. O profeta foi ao encontro dos embaixadores usando sobre o pescoço “correias e canzis” (Jr 27:2), ou seja, um jugo de bois, com cordas e madeiras! A mensagem era clara: as nações só teriam paz andando em submissão ao rei Nabucodonozor (Jr 27:8,11), que colocou Zedequias no trono (2Rs 24:17). Mas Nabucodonozor não passava de um “servo” nos planos do Senhor, que o tinha colocado no trono e tinha domínio sobre as terras (Jr 27:6). Afinal, quem reina é Deus, o Senhor (Jr 27:5)!
2. Vozes Conflitantes
Por que os reis não reconheceram que a conspiração estava destinada ao fracasso? (cf Jr 27:9-10, 14-15). Havia vozes falsas, enganosas, falando mentiras com uma suposta autoridade espiritual. No caso das nações, além de profetas, havia todo tipo de médium, “guia espiritual” (Jr 27:9). No caso do povo de Deus, eram profetas que falavam em nome do Senhor (Jr. 27:15). Mas tudo era “mentira” (Jr 27:10,14,16). O interesse deles pela causa de Deus se limitava às coisas materiais, os “utensílios” do templo (Jr 27:16; 28:2-3).
3. Corpo a Corpo
No capítulo 28, aparece o profeta Hananias com sua mensagem de restauração completa “dentro de dois anos” (Jr 28:1-4). Ele contradisse tudo o que Jeremias falou – o jugo não vale nada, pois “quebrei o jugo do rei da Babilônia” (Jr 28:2,4). É impressionante como, ao longo do capítulo, os dois homens são chamados de “profeta” (cf v.5,10,12,15). Os dois falam em nome do Senhor: Hananias nos versículos 2 e 11; Jeremias nos versículos 14 e 16. Como é que o povo saberia em quem acreditar?
É um problema perene, antigo e atual. Moisés já o previa e deu dois testes: primeiro – profecia que não se cumpre não veio de Deus (Dt 18:20-22); segundo – profecia em nome de outros deuses, mesmo que se cumpra, é pecado mortal (Dt 13:1-5). O segundo teste já condena os profetas pagãos (Jr. 27:9), e o primeiro teste serviu para desmascarar Hananias, pois os “dois anos” (Jr 28:3) se passaram, e nada mudou; enquanto isso, outra profecia, esta de Jeremias, teve seu cumprimento mais rápido (Jr 28:15-17).
4. Reagindo à Mentira
A reação de Jeremias nesse episódio pode servir de modelo para nós. Duas palavras resumem a reação de Jeremias: “Amém!” e “Será?”
“Amém!” (Jr 28:6). É claro que a mensagem de Hananias era bem mais popular do que a de Jeremias. Quem não quer uma mensagem de libertação (Jr 28:10-11), de restauração (Jr 28:3), enfim, de paz (Jr 6:14)? Jeremias também queria que tais expressões fossem a verdade. Como sabemos, Jeremias não tinha nenhum prazer em pregar o juízo: “nem tampouco desejei o dia da aflição” (Jr 17:16). Jeremias pregava na esperança de que sua profecia não fosse cumprida, de que o povo se arrependesse e encontrasse a misericórdia e o perdão de Deus.
“Será?” (Jr 28:7-9). O que importa é que o profeta fale a verdade, seja agradável ou não. E Jeremias nos dá um terceiro teste (além dos dois citados por Moisés): a palavra é coerente com o que Deus falou no passado? Em geral, os profetas de Deus são mensageiros do juízo. Mesmo o Profeta maior, o Senhor Jesus Cristo, falou muitas vezes sobre o juízo.
Você notou que Jeremias não diz “assim diz o Senhor” neste discurso dos versículos 6-9? É coisa de lógica, que não precisava de revelação divina!
Duas palavras: “amém!” e “será?” E um silêncio. Quando Hananias chegou ao extremo ultrajante de destruir o jugo simbólico que Jeremias portava, o profeta de Deus não reagiu de imediato. Com domínio próprio dado pelo Senhor, simplesmente “se foi, tomando seu caminho” (28:10-12). Foi apenas “depois” (28:12) de um intervalo, no qual certamente buscou a orientação de Deus, que Jeremias voltou a responder com uma palavra não dele, mas do Senhor (28:13-16). O profeta entendeu que a ofensa feita era “contra o Senhor” (28:16) e que Ele ia julgar.
II. Deus Fala a Respeito dos Falsos Profetas
(Jr 29:9-40)
1. O Mal da Profecia Falsa
“O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como homem embriagado e como homem vencido pelo vinho” (Jr 23.9). A forte reação de Jeremias mostra a seriedade do problema. Os profetas estavam desrespeitando as “santas palavras” do Senhor, e dessa atitude fluíam muitos males.
a. Davam vazão à imoralidade sexual (Jr 23:10).
b. Encorajavam ou outros no pecado - “fortalecem as mãos dos malfeitores” (Jr 23:14), “fazem errar o meu povo” (Jr 23:32), contaminando toda a terra com a sua impiedade (Jr 23:15), como enchente que deixa um mar de lama nas casas atingidas.
c. Contradiziam diretamente a palavra do Senhor - “Não virá mal sobre vós” (Jr 23:17) é exatamente o contrário do que Deus falou no versículo 12: “trarei sobre eles calamidade”. Falam sobre paz, mas não sobre pecado. Prometem alegria, mesmo com arrependimento. Nisso imitam o pai da mentira (Gn 3:4).
2. A “Sentença Pesado do Senhor”
Enfim, falsos profetas: “furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro” (Jr 23:30), repetindo chavões que, mesmo sendo verdades, estavam desgastados e mortos, de tanta repetição. Um desses chavões era a expressão “sentença pesada do Senhor” (Jr 23:33). Nada há de errado na expressão em si, mas a repetição leviana, usada para legitimar qualquer ‘mensagem’ desses profetas mentirosos, chegou a ponto de Deus proibir seu emprego.
3. Apelo à história
Como é o ministério de um profeta verdadeiro? Quais as suas marcas? Podemos esboçar uma resposta a partir da acusação do versículo 36: “pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos Exércitos, o nosso Deus”.
a. O profeta genuíno traz uma palavra vivia, “do Deus vivo”. Não chavões mortos imitando outros. É uma mensagem que “vem da boca do Senhor” (Jr 23:16), não de algum livro (ou site)!. O profeta genuíno “esteve no conselho do Senhor” (Jr 23;18); a palavra “conselho” aqui dá ideia de um círculo de amigos. É traduzida como “segredo” em Amós 3:7.
b. O profeta verdadeiro conhece a Deus na Sua grandeza majestosa como “Senhor dos Exércitos”, Aquele que enche os céus e a terra (Jr 23:23-24). Assim o profeta vivie toda a vida na presença de Deus. Sabe da realidade do Seu juízo (Jr 23:15,19-20). Não se deixa enganar com “vãs esperanças” (Jr 23:16) e sonhos vazios (Jr 23:25-28).
c. O profeta genuíno conhece a Deus pessoalmente, como “o nosso Deus”, e compartilha do zelo que Deus tem por Sua casa (Jr 23:11), Sua terra (Jr 23:16), Seu povo (Jr 23:22,32), enfim, Seu próprio Nome. Para o profeta verdadeiro, o pior castigo é ser lançado fora da presença de Deus (Jr 23:39).
Conclusão
No capítulo 23 de Jeremias, observamos que as mensagens falsas podem brotar de várias raízes: falsos deuses (Jr 23:13); coração humano (Jr 23:16); sonhos (Jr 23:25); palavras de outros (Jr. 23:30. O Senhor declara contra todos os que proferem tais mensagens (Jr 23:30-32) como se viessem de Deus. Em total contraste, a palavra que vem de Deus se faz sentir pelos seus efeitos (Jr 23:28-29). É “trigo” que alimenta a alma e nos dá força para servir e obedecer. É “fogo” que purifica e nos faz arder o coração para falar da grande salvação que temos em Cristo (cf Lc 24:32-35). E é “martelo” que quebranta a dureza do nosso coração, trazendo-nos sempre de volta à dependência da graça do Senhor.
Fonte: Revista Vida Cristã – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br