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Leitura Diária


16.09.2019

A Palavra Escrita

Pr. Glenn Thomas Every-Clayton

 

 

Texto Básico: Jeremias 36; 45

 

Texto Devocional: Neemias 8:1-8

 

Texto Chave: Jeremias 36:32: “Tomou, pois, Jeremias outro rolo e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, ditado por Jeremias, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, queimara; e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes”

 

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 1Pedro 1:22-2:3

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 1Pedro 4:12-19

 Sexta

 2Crônicas 34:8-28

 Sábado

 Lucas 8:11-15

 Domingo

 Salmos 119:89-96

 

 

Vimos, na lição três, a pregação de Jeremias no templo, no início do reinado de Jeoaquim (Jr 26:1), pregação que colocou o profeta em perigo de morte (Jr 26:8). Passados quatro ou cinco anos, já era possível perceber que o rumo espiritual da nação e do rei ia de mal a pior, Mais uma vez, Jeremias recebeu ordem de continuar a proclamação, ainda com a esperança de que o povo se arrependesse e se livrasse do castigo merecido (Jr 36:1-3; cf Jr 26:1-3).

 

 

I. Palavra Escrita

 

Desta vez foi diferente, pois a Palavra estava escrita (Jr 36:1-15). Pensemos sobre o fenômeno da palavra de Deus em forma escrita.

 

1. Para Ser Proclamada

É bom lembrar que toda a Bíblia foi escrita para ser lida em voz alta e ouvida (Êx 24:4,7; At 8:30; Ap 1:3;22:18). Muitas vezes podemos sentir melhor a força da Escritura lendo-a assim.

 

2. Palavra Completa

O rolo continha “todas as palavras” (Jr 36:4), sem omitir uma palavra sequer (Jr 26:2). Tudo indica que o rolo continha os capítulos 1 a 20 e 25 a 26, do que corresponde ao livro de Jeremias que conhecemos. A “segunda edição” foi maior ainda (Jr 36:32). Todas as pregações do profeta, reunidas em um só volume. E hoje temos, reunidas na Bíblia, todas as revelações divinas de que precisamos para a nossa salvação total. Não há nenhum segredo esotérico na fé cristã; tudo está acessível aos filhos de Deus, iluminados pelo Espírito Santo (Rm 16:25-27; Cl 1:26-27). O que antes era mistério, agora é proclamado (Ef 6:19).

 

3. Divina e Humana

Trata-se de uma revelação divina que vem por instrumentos humanos. Ao lado do profeta que recebeu a revelação, encontra-se Baruque. Sem o trabalho deste escriba fiel, não teríamos hoje o livro de Jeremias em nossa Bíblia. É importante ressaltar que a atuação humana não compromete o caráter divino das Escrituras: são “todas as palavras que a este [Jeremias] o Senhor havia revelado” (Jr 36:4). E os príncipes de Judá tomaram o cuidado de verificar a autenticidade da Palavra (Jr 36:17-18).

 

4. Mais Difundida

A palavra escrita pode penetrar onde o pregador não tem acesso (Jr 36:56). O termo “encarcerado”, no versículo 5, não significa preso em regime fechado, pois Jeremias ainda gozava certa liberdade de movimento, conforme indica o versículo 19; mas ele não podia entrar no templo, como fez no capítulo, como fez no capítulo 26. No entanto “a palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2:9), e a história da igreja está repleta de exemplos de pessoas (e até de povos inteiros) cuja vida foi transformada pela leitura da Bíblia sem a presença de um pregador humano.

 

5. Pode se Repetir Muitas Vezes

Hoje em dia é possível ter a Bíblia em forma de CD ou MP3, para ouvi-la quando e onde quiser. Uma vez gravada, seja pela tecnologia moderna ou pela escrita antiga, a mesma Palavra pode ser comunicada e muitas pessoas em vários lugares. Assim o livro que Baruque escreveu foi lido primeiro ao povo (Jr 36:10), depois aos príncipes (Jr36:15) e por fim ao rei (Jr 36:21).

 

 

II. Baruque, o Portador da Palavra

 

Baruque foi o “carteiro” que levou o recado de Deus no livro que ele mesmo escreveu (Jr 45). É difícil para nós imaginar o trabalho envolvido no ato de escrever nos tempos antigos. Sem computador, nem caneta esferográfica, o escriba usava uma pena de ganso cortada, de vez em quando mergulhada na tinta, para registrar as palavras, letra por letra, no papiro. Baruque começou a obra no quarto ano do rei Jeoaquim, mas ela só ficou pronta no ano quinto (Jr 36:1-9).

 

Quem era Baruque? Em Jeremias 32:12 ele é chamado de “filho de Nerias, filho de Maaseias”. Seu avô, na época do rei Josias, foi governador da cidade de Jerusalém e um dos responsáveis por cuidar do dinheiro que se gastava na reforma do templo (2Cr 34:8-9). Jovem de boa posição social e de boa formação espiritual, Baruque colocou a própria vida em perigo por apoiar e servir ao profeta Jeremias (Jr 36:19). Nesse momento de perigo, ele recebeu uma mensagem pessoal como também recebeu Ebede-Meleque, conforme vimos na lição anterior. Esta mensagem Baruque registrou no capítulo 45 do livro, como um humilde “ponto final” ao ministério de Jeremias a Israel. A partir do capítulo 46, o livro traz mensagens direcionadas a outras nações.

 

Nessa mensagem o Senhor assegura a Baruque que Ele conhece toda a angústia de seu coração (Jr 45:2-3), a mesma que afligia o próprio Jeremias (cf Jr 15:10). A mesma que aflige o próprio Senhor (Jr 45:4)! Sim, Deus também conhece a tristeza de ter uma obra Sua desfeita, como Baruque experimentou com o livro que penosamente escrevera. Deus não só conhece, mas compartilha a nossa dor; aliás, é melhor dizer que, em nossa dor, Ele nos dá a oportunidade de compartilhar a Dele.

 

Podemos tomar como nossa a promessa de preservação de vida feita a Baruque (Jr 45:5), assim como a promessa feita a Ebede-Melque (Jr 39:17-18); e, em nosso caso, a promessa tem uma dimensão espiritual, eterna (Lc 21:16-19; Ap 2:10).

 

 

III. A Palavra Provoca Reações

            (Jr 36:9-32)   

 

Talvez ouçam os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhe e venham a converter-se cada um do seu mau caminho, e eu lhes perdoe a iniquidade e o pecado” (Jr 36:3). Quando a Palavra é lida ou proclamada, Deus espera uma reação. Mas nem sempre a reação à Palavra será favorável: afinal, mesmo quando o Senhor Jesus falava, nem todos os ouvintes se convertiam (Jo 6:66; 7:40-43; 10:19-24).

 

1. Reações Positivas

(Jr. 36:9-19)

A primeira leitura do livro foi feita num momento de crise nacional quando “apregoaram jejum diante do Senhor a todo o povo em Jerusalém” (Jr 36:9). O exército de Nabucodonosor já estava chegando perto da capital, e o povo veio orar ao Senhor, ou pelo menos cumprir o ritual. Diferentemente de Jeremias 26, Baruque não fez a leitura no átrio do templo, lugar bastante frequentado, mas procurou um espaço mais reservado, “na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba” (Jr 36:10), o mesmo Safã que ajudou o avô de Batuque na administração dos recursos para reformar o templo (2Cr 34:8). Ali, num lugar aberto ao público, “diante de todo o povo” (Jr 26:10), ele talvez conseguisse encontrar um auditório mais receptivo à Palavra.

 

Nessa primeira leitura, parece que apenas uma pessoa reagiu: Micaías, filho de Gemarias, um jovem da mesma geração de Baruque. Ele foi buscar seu pai, que estava numa reunião com outros líderes do povo (Jr 26:11-12). Mandaram seu mensageiro Jeudi buscar Baruque com o livro para que eles mesmos pudessem ouvir a palavra do Senhor. Logo reconheceram a grave importância da mensagem e entenderam que o rei Jeoaquim não gostaria de nada disso; portanto trataram da segurança do profeta antes de informar ao rei (Jr 26:16-19).

 

2. Uma Reação Negativa

       (Jr 38:7-13; 39:11-18)  

Na ausência de Baruque, Jeudi fez a leitura na presença real (Jr 36:21)_, e viu o texto sagrado sendo destruído aos poucos, consumido pelas chamas do braseiro (Jr 36:22-23), contra os protestos corajosos de Gemarias e seus colegas (Jr 36:25).

 

Que diferença da geração anterior! O pai de Jeoaquim, o rei Josias, também ouviu a leitura da palavra de Deus, feita pelo pai de Gemarias, o escrivão Safã (2Cr 34:15-18). Mas Josias, em vez de rasgar a Palavra, rasgou as próprias vestes (2Cr 34:19), em sinal de profundo arrependimento. E recebeu a promessa do Senhor: “Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, quando ouviste… os teu olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus moradores” (2Cr 34:27-28). Para Jeoaquim a mensagem era bem diferente: “seu cadáver será largado ao calor do dia e à geada da noite” - sem nenhum braseiro para se aquecer! - e “sobre os moradores de Jerusalém e sobre os homens de Judá farei cair todo o mal que tenho falado contra eles, e não ouviram” (Jr 36:30-31).

 

Ai! Perdi meu texto! E não fiz backup!” Quem usa computador, às vezes, sofre um desastre desses. Que fazer, então? Escrever tudo de novo! Foi a ordem que Jeremias e Baruque receberam (Jr 36:27-28). E eles a cumpriram – sim, mais que cumpriram, pois “acrescentaram muitas palavras semelhantes” às do primeiro livro (Jr 36:32). Mais um trabalho duro, enquanto estavam refugiados da ira do rei (Jr 36:26). Isso nos faz lembrar de Lutero traduzindo o NT, asilado no castelo de Wartburgo, e tantos outros homens e mulheres de Deus que têm dedicado a vida à tarefa gloriosa, ainda inacabada, de tornar a palavra de Deus acessível a todos os povos.

 

 

Conclusão

Neste episódio temos o primeiro registro das muitas tentativas de destruir a palavra de Deus que ocorreram ao longo da história. Aqui no Brasil muitos ainda podem lembrar as fogueiras de Bíblias nas praças das nossas cidades. Mas, como afirma Eugene Peterson: “a Escritura pode ser queimada, mas a palavra de Deus jamais pode ser destruída”. O canivete do rei não pode vencer a espada do Espírito!


 

 

 

 

 Fonte: Revista Vida Cristã – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br

 

 

 

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