25.11.2019
Pr. Dionatan Cardoso
Texto Básico: João 1
Texto Chave: João 1:14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória do unigênito do Pai.”
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Dia |
Texto |
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João 1:1-14 |
Terça |
João 1:15-34 |
Quarta |
João 1:35-51 |
Quinta |
1João 1:1-14 |
Sexta |
Filipenses 2:5-12 |
Sábado |
Gênesis 1:1-25 |
Domingo |
Gênesis 1:26-31 |
A essência da fé passa fundamentalmente pela crença de que Jesus é Deus. O estudo do capítulo 1 do Evangelho de João vai revelar que já no primeiro século havia homens que questionavam a messianidade e a divindade de Cristo, o que levou o apóstolo a registrar informações preciosas sobre Jesus, defendendo a divindade Dele.
I. Prólogo
(1:1-14)
Se o conteúdo do evangelho se perdesse e sobrasse apenas o prólogo, por certo, o leitor seria capaz de identificar o propósito para o qual o evangelho todo foi escrito. É muito claro o fato de que a intenção era demonstrar a graça de Deus revelada por meio da encarnação do Verbo.
Se por um lado o deísmo (doutrina que considera a razão como a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus, base do ateísmo moderno) ensina que Deus criou a humanidade e depois foi embora deixando-a só, por outro, o cristianismo ensina que Deus é o Criador da humanidade e que a ama tão profundamente que Se infiltrou na história em semelhança humana para resgatá-la (Fp 2:5-12).
Nessa linha de raciocínio, nos versos 1-3, o apóstolo João ensina que o Verbo é o próprio Autor de toda a Criação. Não há conclusão mais plausível e óbvia senão a de que Jesus é o próprio Deus encarnado, pois João mesmo testificou: “...o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Portanto, é importante que todo o evangelho seja lido sob essa perspectiva.
O apóstolo ainda revela que Jesus Cristo é a própria vida e que esta vida é a luz para o homem enxerga seu estado deplorável de condenação (v.4-5). A parte “b” do verso 5 pode ser traduzida de duas formas: “as trevas não a derrotaram” ou “as trevas não a compreenderam”. A segunda opção parece ser mais apropriada e dá o sentido de que o perdido não entende o que é a salvação até que Cristo Se revele como a vida ou a luz que dá o entendimento (Ef 2:8).
É claro que deus utiliza o homem como instrumento para ecoar a mensagem de salvação, como se vê nos versos 6 a 9, na figura de João Batista - “a voz de que clama no deserto” (v.23; Is 40:3). O texto também mostra que o homem é rebelde o suficiente para rejeitar tão grande salvação (v.10-13).
Nos dias do apóstolo João, existia um tipo de protognosticismo – primeiros ensaios do gnosticismo que se desenvolveria no século seguinte. Eles ensinavam que a matéria humana é essencialmente má. Se a matéria é má, Deus não poderia Se tornar matéria – carne humana, pois nesse caso Deus Se tornaria ou seria mau. Nesse sentido, o protognosticismo propõe que a encarnação do Verbo não existiu. Então o apóstolo João, no verso 14, se dedica a confrontar integralmente as ideias protognósticas.
1. “...E o Verbo se fez Carne...”
“Verbo” é uma palavra que indica ação. João chama Jesus de “o Verbo”. De acordo com 1João 1:1-14, Jesus é a Palavra que estava no princípio de todas coisas (Hb 1:1-3; Gn 1), gerando a ação criadora do universo. O criador de tudo se fez carne. Joao descreve como Deus Criador Se fez humano.
2. “...E Habitou entre Nós...”
A palavra traduzida “habitou” está relacionada à palavra que significa “tenda ou tabernáculo”. O versículo levou os leitores de João a lembrar-se da Tenda do Encontro, que ficou repleta da glória de Deus (Êx 40:34-35). O sentido é que Jesus é a manifestação (ou tabernaculação) da glória de Deus entre os homens. A Palavra “tabernacular” significa habitar, morar.
3. “...cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai...”
A glória segundo o mundo é ter muito poder, muito dinheiro, muitos diplomas, etc. Com Sua vida, Jesus nos ensinou um novo conceito de glória. A glória de Cristo consiste em realizar a obra do Pai. No Evangelho de João, glória está relacionada a fazer a vontade de Deus – obediência.
Portanto, a encarnação de Jesus não anulou ou diminuiu Sua divindade. Mas revelou o amor de Deus pelo homem caído a partir da perfeita demonstração de humanidade (Hb 4:15).
JOÃO PARA HOJE → “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9). Seguindo a teologia joanina e paulina, como servos do Altíssimo, devemos proclamar em alto e bom som que o testemunho bíblico aponta para Cristo como Deus. Em Sua encarnação, Jesus nos dá exemplo de obediência e submissão. Você tem testemunhado a respeito de Jesus?
II. Identidade de Cristo
(1:15-51)
Nesta parte do primeiro capítulo, vamos observar que João continuou descrevendo fatos que tratam sobre a identidade de Jesus assim como fez no prólogo.
1. Manifestação da Graça (1:15-18)
No versículo 15, vemos que João Batista nasceu e exerceu seu ministério antes de Jesus. Porém, ele declara que sua posição é totalmente inferior à de Cristo. Entre os dois há uma distinção entre o infinito e o finito, o eterno e o temporal, a lua do sol original e o reflexo da lua. João Batista ensina que ele, juntamente a todos os demais eleitos, são apenas receptáculos da graça de Deus por meio de Jesus (v.16), graça que é superior até mesmo à lei de Moisés (v.17). Ele não está negando a presença de graça e verdade na Lei (basta ler Êx 34:6; Sl 86:15), mas afirmando que a Nova Aliança em Cristo é superior a Antiga Aliança (Hb 8:6).
No verso 18, o apóstolo argumenta que Deus, sendo espírito, é invisível à visão física. Nem Abraão, amigo de Deus (Is 41:8), nem Moisés, com quem o Senhor tratou face a face (Dt 34:10), puderam ver a glória de Deus em Sua plenitude (êx. 33:20). Entretanto, agora a glória se tornou conhecida aos homens na figura de Jesus. Vemos o Pai quando olhamos para o Filho (Jo 10:30; 14:8-10).
2. Maior que o Profeta (1:19-28)
João continua argumentando com seus leitores acerca da identidade de Jesus. Entretanto, é possível que você pergunte: mas o texto não está discutindo somente a identidade de João Batista? É verdade que a narrativa mostra a discussão entre João Batista e os religiosos da época. Na ocasião, perguntas foram feitas acerca da identidade de João Batista, mas observe o seguinte:
→ os religiosos não estão preocupados em saber quem é João Batista, mas em condená-lo porque ele estava batizando mesmo não sendo o Cristo (v.24-25, 28);
→ João Batista está mais preocupado em anunciar aquele que é maior do que ele, a saber, Jesus, do que falar de si mesmo (v. 26-27).
Seguindo esse raciocínio, usando o argumento e a história de João Batista, a ideia do apóstolo João foi se apropriar desses fatos e mostrar que Jesus Cristo é maior até mesmo que João Batista, o profeta. Se observamos as perguntas dos versos 19-22, verificaremos que João Batista foi capaz de dar respostas claras acerca de si mesmo, porque ele sabia perfeitamente quem era (v.23; Is 40:3) e para que exista, e sabia também que Jesus era infinitamente maior do que ele (v. 15,30). Nesse sentido, tanto João Batista quanto o apóstolo João declaram a superioridade de Cristo.
3. Cordeiro de Deus (1:29-31)
Note a importância da atribuição da figura de um animal que era próprio para o sacrifício pelo pecado. De modo geral, as pessoas acreditam que podem vencer o pecado por meio de esforço próprio. Entretanto, sabemos que o pecado está cauterizado em nossa alma com tanta força que só Cristo pode nos livrar. Eis o motivo de Jesus ser identificado como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (v.29). João Batista novamente chamada atenção à sua declaração anterior (v.30) e define o propósito do seu batismo (v.31): revelar o Salvador.
4. Filho de Deus (1:32-34)
Quando Jesus foi batizado, o Espírito desceu sobre Ele, o que foi testemunhado por João Batista (v.32). Portanto, Cristo é quem batiza com o Espírito (v.33). Jesus é o Filho porque participa da mesma essência com o Pai (v.34). Graças a Jesus, somos reconhecidos como filhos adotivos de Deus (v.12; Rm 8:14-16) e coerdeiros da eternidade com Ele (Rm 8:17).
5. Messias Prometido (1:35-42)
A narrativa descreve que João Batista estava com dois discípulos (v.35) e, ao ver Jesus passando, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus!” (v. 36). Ao ouvir que Jesus estava por ali, os dois discípulos prontamente decidiram segui-Lo de perto (v.37). Aqueles discípulos se dispuseram a permanecer e a aprender com Ele. Nada pode ser comparado ao privilégio de aprender com Jesus (v. 38-39).
Na sequência, lemos algo extraordinário: “André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele encontrou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias! (‘Messias’ quer dizer ‘Cristo’). E o levou a Jesus...” (v.40-41). A primeira coisa que André fez após conhecer pessoalmente Jesus foi levar Pedro para conhecê-Lo também.
6. Senhor e Rei (1:43-51)
João Batista sai de cena para visualizarmos o momento em que Jesus encontra Filipe que, por sua vez, encontra Natanael (v.43-45a). Novamente o tema da Lei está em evidência, e seria natural esperar por isso, já que o contexto é totalmente judaico (v.45). Da Criação ao final do Pentateuco, de Josué a Malaquias, o ponto central é Cristo. Filipe reconhece a messianidade de Jesus e a declara com toda convicção a Natanael. Note o ceticismo de Natanael no primeiro momento (v.46). Então Filipe o convida para testemunhar: “vem e vê”. Rapidamente a atenção de Jesus se volta para aquele novo discípulo que já trazia consigo o temor do Senhor (v.47). O ponto de destaque aqui é que Natanael era um israelita, ou seja, conhecia a Lei e os Profetas. Seu espanto e sua declaração: “Mestre, o senhor é o Filho de Deus! O senhor é o Rei de Israel!” (v.49) revelam sua autêntica crença no Messias prometido que faria coisas grandiosas (v.50-51).
JOÃO PARA HOJE → Conhecer quem de fato é Jesus Cristo muda completamente a maneira como nos relacionamos com Ele. Você entende que se relaciona com o Filho de Deus, o Salvador prometido, o Senhor e Rei, o Criador do universo – o próprio Deus? Como essa verdade muda seu tempo com Senhor no dia a dia?
Conclusão
Como é bom conhecermos mais sobre a identidade de nosso Senhor Jesus Cristo – sabermos quem de fato Ele é e como isso resulta na obra maravilhosa que realizou por nós. Por toda a Bíblia, o Senhor vem Se revelando a nós como o Criador, como o Messias prometido, como o Cordeiro de Deus, como o Salvador, como Deus encarnado. Louvamos a Deus por fazermos parte daqueles que não negam a absoluta autoridade de Jesus Cristo.
Fonte: Revista Vida Cristã – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br