02.03.2020
Pr. Dionatan Cardoso
Texto Básico: João 15-16
Texto Chave: João 16:33: “Falei essas coisas para que em mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo.”
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Texto |
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João 15:1-8 |
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João 15:9-17 |
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João 16:1-15 |
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Domingo |
João 16:25-33 |
Os capítulos 15 e 16 são sequência argumentativa de João, no capítulo 14, para tratar sobre a partida de Jesus e a chegada do Espírito Santo. Basicamente os dois capítulos discorrem sobre a providência de Jesus antes de Sua morte – ideia de preparar determinadas ações ou situações que ajudem a evitar ou diminuir um mal, e a promessa da vinda do Consolador.
I. A Providência
(15:1-25)
1. A Metáfora (15:1-8)
Esse texto é precedido pelo lava-pés (13:1-20), pelo anúncio do traidor (13:21-30), pelo grande discurso da partida de Jesus e da promessa do Espírito (13:31-14:31). Nesse sentido, podemos afirmar, com base no contexto, que João 15:1-8 é o tipo de pausa reflexiva para tratar com a comunidade a importância das palavras: “permanecei em mim”. A seção é a exposição de uma metáfora de alta complexidade interpretativa. Vamos nos concentrar apenas nos personagens e níveis de frutificação ilustrados a partir do cultivo da vinha.
a. Personagens
* Deus é o lavrador – dono da vinha que planta e cuida para que os ramos deem frutos;
* Jesus é a videira – meio com o qual Deus cultiva os frutos;
* Homens são os ramos – o sentido é de um broto ligado à videira.
b. Níveis de frutificação
* os que não produzem nenhum fruto (v.2,4-6);
* os que produzem algum fruto (v.2-3);
* os que produzem muito fruto (v.4-5).
Em geral, a metáfora serve como introdução dos ensinos que virão.
JOÃO PARA HOJE → Qual a importância de se produzir frutos? Jesus disse: “…eu os escolhi e os designei para que vão e deem fruto, e o fruto de vocês permaneça...” (Jo 15:16). Que tipo de frutos você tem produzido em sua vida diária?
2. O amor ao próximo (15:9-17)
Os versos 9 e 10 nos permitem ver o desenvolvimento funcional do amor, ou seja, o Pai ama o Filho (3:35; 5:20; 17:23-24); o Filho é o modelo e comunicou o amor do Pai (8:29); logo o papel do crente é receber esse amor e amar tanto a Deus quanto o seu próximo (15:12-13,17; IJo 3:16). Portanto, o caminho certo para frutificar é obedecer às ordens de Cristo (15:14-15; cf 14:21; Gl 4:7), e isso deve ser feito com alegria (15:11), afinal de contas foi Deus quem nos escolheu (15:16).
3. O relacionamento com o mundo (15:18-25)
a. Ódio (v.18-19) – Jesus adverte os discípulos sobre a hostilidade dos incrédulos. Nos escritos joaninos, o mundo é o sistema que se opõe a Deus (1Jo 2:15-17). No primeiro século, o albo principal da oposição era Jesus. Era inevitável que, após a Sua partida, a oposição incorresse contra os Seus discípulos. Nesse sentido, os discípulos não pertencem a este mundo, embora ainda estejam nele. Em Cristo, o homem é estrangeiro e peregrino nesta terra (1Pe 2:11; Fp 3:20; Cl 1:12-13).
b. Perseguição (v.20-21) – Jesus ensina que, aquilo pelo qual Ele passou, Seus discípulos também passariam – perseguição (2Tm 3:12). Alguém disse: “o verdadeiro cristianismo traz consigo a cruz”.
c. Indolência (v.22-24) – Se Jesus não tivesse vindo ao mundo, os homens não seriam culpados de rejeitá-Lo. A vida de Cristo declara Sua messianidade, portanto, os incrédulos são indesculpáveis. A maior parte da geração de Cristo não creu em Seus feitos (12:37). Não podemos esperar outra coisa do mundo que não seja insensibilidade ou apatia (Rm 8:7).
É vidente que todas essas coisas aconteceram para se cumprir a Escritura (v.25; Sl 35:19;69:4).
JOÃO PARA HOJE → Analisando a vida da igreja nos dias atuais, temos ensinado a cruz, a perseguição e o ódio do mundo em nossa vida? Ou nos restringimos a observar isso no mundo da igreja perseguida?
II. A Promessa
(15:26-16:33)
1. A vinda do Espírito Santo (15:26-27)
Jesus tinha avisado Seus discípulos sobre a Sua partida e a vinda do Espírito Santo (Jo 14). Neste texto, vemos que o Senhor reafirmou Sua promessa e enfatizou o ministério do Espírito Santo como testemunha da cruz por intermédio dos discípulos (v.26-27).
2. A obra do Espírito Santo (16:1-15)
A instrução de Cristo é para que os discípulos não tropecem e caiam (v.1,4). É curioso notar que Jesus trata do ministério do Espírito num contexto de tensas perseguições. Em textos paralelos, observamos o auxílio do Espírito em face das lutas (Mt 10:19ss). N\ sequência, Jesus deu detalhes dos níveis de perseguição que os discípulos enfrentariam (16:2-3). Segundo Willian Hendriksen, “seriam destituídos de todas as esperanças e prerrogativas dos judeus. Seriam vistos por seus antigos amigos como os piores pagãos. Perderiam o emprego, seriam exilados de suas famílias e perderiam até mesmo o privilégio de um sepultamento honroso, pior que isso, eles seriam de fato mortos”. Seriam mortos pelas mãos de religiosos ignorantes (ex. Tiago, Pedro e Paulo).
São três aspectos do ministério do Espírito Santo
a. Consolador (v.5-7) – Os discípulos estavam ainda mais tristes do que em 14. Isso por saber que seriam odiados, perseguidos e talvez até mortos por causa do evangelho da cruz (v.2). Jesus queria que a esperança deles estivesse no destino de Cristo, a saber: o céu. A única forma de os discípulos gozarem a eternidade era se Cristo cumprisse a obra expiatória e o Espírito viesse como Consolador da vida (v.7).
b. Convencedor (v.8-11) – Três tópicos são atribuídos ao exercício ministerial do Espírito Santo: “do pecado, porque eles não creem em mim” (cf. 1Jo 5:10-12); “da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais”; e “do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado”.
c. Guia (v.12-15) – Os discípulos foram instruídos sobre a permanente atuação do Espírito. Embora fosse muito difícil para eles entenderem (v.12), assim como é até hoje, o Espírito Santo é o guia para a verdade que leva os eleitos ao cumprimento do dever cristão (v.13-14). Será assim até a volta de Jesus (v.15).
3. A necessidade do Espírito Santo (16:16-24)
As palavras de Jesus registradas no verso 16 são o cerne desta passagem. Aquela fala gerou uma série de dúvidas nos discípulos (v.17-18). Todo o contexto do discurso do cenáculo girava em torno da partida e do retorno de Jesus. Mas é possível detectar razões para dúvidas. Jesus estaria falando de que exatamente? Três possibilidades: (A) partida seria Sua morte, e volta seria a ressurreição após três dias; (b) partida seria a morte e ascensão de Jesus, e volta seria a vinda do Espírito como Consolador; (C) partida seria a ascensão ao céu, e volta seria o retorno glorioso no futuro reino terreno. Parece-nos mais sensato admitir a dificuldade do texto e agregar todas as possibilidades. Hendriksen diz que “o Calvário nada significa separado da Páscoa, e a Páscoa não tem valor sem o Pentecostes, que, por sua vez, aponta para adiante, para a vinda do último dia.
Vejamos três verdades apontadas por Cristo na sequência da argumentação:
a. A ausência de Cristo é alegria para o mundo (v.20) – O sistema corrompido pelo pecado foi o grande inimigo da cruz. O mundo não deseja que Cristo volte e acredita que está vivendo muito bem sem Ele.
b. A ausência de Cristo e tristeza para os discípulos (v. 20-21) – Jesus já havia alertado os discípulos sobre essa tristeza (Mt 9:15). Paulo também falou algo a respeito (Rm 8:23). Mas assim como a mulher grávida que sofre durante o trabalho de parto e depois se alegra com a chegada do filho, os discípulos passariam por algo semelhante.
c. A presença de Cristo é alegria para os discípulos (v.21-28) – Embora a partida de Jesus (v.28) provocasse a tristeza deles, a Sua presença, seja pelo Espírito ou pela volta de Cristo, significa plena alegria pela comunhão com o Senhor.
Desta forma, na sequência do texto, e possível enxergar as razões pelas quais os discípulos deveriam trocar a apreensão e a tristeza pela alegria no Senhor: (A) alegria pelo acesso direto ao Pai, por maio do nome de Jesus Cristo (v.23-24,26); (B) alegria pala compreensão das palavras de Jesus, por meio do Espírito (v.25); (C) alegria pelo amor do Pai, por meio da fé e do amor dos discípulos.
JOÃO PARA HOJE → A alegria não é só uma opção de vida. É uma ordem de Deus aos Seu povo. Mandamentos de alegria estão espalhados por toda a Escritura (Dt 16:11; NE 8:10; Sl 32:11; 126:6; Cz 9:9; Lc 10:20; 15:7; Gl 5:22; Fp 4:4; Hb 11:39-40; Ap 19:7). Cristo tem sido a principal razão da sua alegria?
4. A esperança no Espírito (16:25-33)
Este texto narra as últimas palavras de Jesus no cenáculo, antes da via dolorosa. Seu ministério terreno estava em iminência de acabar. A cruz era o destino de Cristo! A essa altura, as dúvidas dos discípulos davam lugar à compreensão dos fatos sobre o Messias (v.29). Os discípulos passaram por uma confirmação da fé e do amor ao Senhor (v.30). Afirmaram de forma consciente que creem que Cristo os conhecia. Nesse sentido, devemos procurar conhecer a nós mesmos por meio da Bíblia. A compreensão de quem somos de fato não está em nós, mas na palavra de Deus.
Aqueles que são de Cristo estão no mundo e inevitavelmente sofrerão aflições (v.33). “Falei essas coisas” significa todo o discurso do cenáculo: noite das noites! (14:27-29; 16:1-4). Neste sentido a Bíblia nos incentiva a receber bem as aflições (Rm 8:17; Fp 1:28-30; Tg 1:2-4,12; 2Tm 3:12) A maneira de vencermos as aflições é gozando da paz de Cristo e tendo fé (1Jo 5:4-5).
JOÃO PARA HOJE → Talvez nenhum de nós tenha consciência de nossa fé e de onde podemos cair. Se repentinamente formos colocados em aflições e provas, como reagiremos? Feliz é aquele que jamais esquece as palavras de Paulo: “Por isso, aquele que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10:12); e do salmista: “Sustenta-me, e serei salvo” (Sl 119:117).
Conclusão
Aprendemos como a sabedoria de Jesus foi aplicada aos discípulos de modo que puderam se prevenir quanto ao que haveria de vir na vida deles, ao mesmo tempo em que puderam descansar diante da promessa de um Ajudador que os acompanharia durante o ministério
Fonte: Revista Vida Cristã – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br