16.03.2020
Texto Básico: João 18-19
Texto Chave: João 19:35-37: “Aquele que viu isso dá testemunho, e o testemunho dele é verdadeiro. E ele sabe que diz a verdade, para que também vocês creiam. E isso aconteceu para se cumprir a Escritura: ‘Nenhum dos seus ossos será quebrado’. E outra vez diz a Escritura: ‘Olharão para aquele a quem transpassaram.”
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O cálice e a crucificação de Jesus representam um misto de dor e sofrimento com a graça e a misericórdia divinas. Ao mesmo tempo que Jesus Cristo sofreu e morreu por obediência ao Pai, também demonstrou amor e graça para com a humanidade.
I. O Cálice de Cristo
(18:1-19:16)
1. A prisão de Cristo (18:1-14)
A narrativa da prisão de Jesus oferece princípios de voluntariedade, proteção e submissão à vontade de Deus.
a. O gesto de voluntariedade pode ser percebido por três fatores:
→ Jesus foi para um lugar óbvio – lugar onde costumeiramente levava Seus discípulos (v.12);
→ Jesus não organizou uma resistência armada – não havia soldados a Seu serviço (v.3);
→ Jesus foi ao encontro deles voluntariamente (v.4-7).
b. A proteção aos discípulos se evidenciou no momento em que Jesus Se entregou e pediu que deixassem os discípulos ir embora sem sofrer naquele momento (v.8-9).
c. A submissão de Jesus à Sua missão (v.11). Antes, Pedro desembainhou sua espada e feriu o soldado chamado Malco (v.10). Mesmo Pedro investindo contra um dos soldados, Jesus declarou paz ao curá-lo. A única alternativa para Cristo era passar pelo cálice, que é expressão de sofrimento e dor (Lc 22:39-46).
Asso Jesus foi preso e iniciou a via dolorosa. O primeiro ato foi: “prenderam Jesus e o amarraram” (v.12). Depois Jesus foi levado a Anás, sogro de Caifás (v.13-14).
2. A negação de Pedro (18:15-27)
Já observamos que o número de discípulos diminuiu à medida que a cruz se aproximou. Dos milhares – dez mil só no milagre da multiplicação – sobraram 12 no discurso do cenáculo. No meio do discurso do cenáculo, um deles, a saber, Judas Iscariotes, abandonou a Cristo (13:18ss). Após a prisão de Jesus, somente dois discípulos ficaram em cena: Pedro e outro discípulo, possivelmente João.
No caso específico de Pedro, podemos notar três coisas: (1) ele afirmou disposição para morrer por Jesus (13:37); (2) lançou-se à batalha quando Jesus foi preso (18:10); e (3) foi um dos que se dispôs a acompanhar Jesus em Sua prisão (v.15-16). Entretanto, no momento mais tenso da vida de Jesus, Pedro se esquivou da relação com o Senhor (v.17-18).
Os versos 19-24 ratam do primeiro interrogatório a Jesus após Sua prisão, feito por Anás. Logo em seguida, Pedro literalmente negou sua relação com Jesus. A palavra de Jesus conforme 13:38 foi cumprida.
3. O inicio do julgamento (18:28-38)
O julgamento de Jesus ocorreu num contexto de diálogos entre lideranças. Após passar pela casa de Anás (v.13), Jesus foi levado à casa de Caifás, sumo sacerdote (v.24). O que ocorreu na casa de Caifás não sabemos. De lá, Jesus foi levado ao Pretório (v.28), que era a residência oficial do governador romano. Note que, por ser um dia sagrado, os judeus evitaram entrar no Pretório (casa de gentio).
Neste cenário de julgamento, podemos destacar três coisas:
a. a inocência de Cristo (v.29-32) – a narrativa deixa claro que ninguém podia provar qualquer acusação contra Jesus – Ele era totalmente inocente (2Co 5:18-21; Hb 4:15-16);
b. a identificação do reino de Cristo (v.33-37) – Cristo não estava estabelecendo um reino físico e temporal, mas um reino espiritual e eterno;
c. a incógnita da mente humana (v.38) - a grande pergunta da humanidade foi feita: “O que é a verdade?” Jesus já havia se identificado como a encarnação da verdade (14:6), porém, na mente contaminada do “perdido” Pilatos, a verdade é algo que cada um define.
JOÃO PARA HOJE → A mente humana é incapaz de admitir a Bíblia como verdade absoluta (2Tm 3:16; 2Pe 1:3). Somente com o auxílio do Espírito Santo podemos compreender a verdade. Agradeça a Deus porque Ele fez você entender tal verdade.
4. Tentativa de soltura versus condenação (18:39-19:16)
O que vemos nos versos 39-40 é uma das cenas mais lamentáveis na história da humanidade. Quando Pilatos possibilitou a soltura de Jesus, a resposta foi a mais indignante possível. Preferiram soltar o bandido Barrabás ao inocente Jesus Cristo. Na sequência, vemos que Pilatos não queria crucificar Jesus (19:12), embora esse fosse i clamor ardente da plateia. Jesus havia sido amarrado (18:12), espancado (18:22; 19:1,3), recebido uma coroa de espinhos (19:2) como tentativas de amenizar o furor do público religioso. Entretanto, o único clamor que se ouvia era: “Crucifique! Crucifique!” (19:6). A verdade é que Pilatos acreditava que tinha o governo em suas mãos. Ele não sabia que estava sendo governado por aquele que seria condenado à morte (19:8-10,13-15). O fato é que todas as tentativas de Pilatos foram vãs. Pilatos não viu outra alternativa a não ser permitir a condenação de um inocente em razão da paz pública (19:16). A via dolorosa continuou. O destino de Jesus Cristo foi a cruz. A morte foi necessária para que houvesse vida.
II. A Crucificação de Cristo
(19:17-42)
1. A crucificação e a morte (19:17-22, 25-30)
A crucificação de Jesus é a perfeita exemplificação do amor e da graça de Deus. O mesmo evento tanto demonstrou o maior gesto de justiça – ato divino – quanto revelou o maior ato de injustiça – ato humano. Jesus era inocente das acusações contra Ele. Mas, em obediência ao Pai, Jesus admitiu para Si o preço da nossa condenação.
Alguns fatos que mostram a injustiça daquele ato, mas que revelam o maior ato de justiça: (1) Cristo carregou a própria cruz (v.17); (2) foi crucificado como criminoso (v.18); e (3) teve Seu reino negado pelos judeus (v.19-22).
Se não bastasse, no momento mais sofrível para Cristo, Ele ainda Se lembrou de Sua mãe (v.25-27). Em função de Sua primogenitura e viuvez de Maria, Jesus Se tornou o provedor da família. Provavelmente Maria já havia ultrapassado os 50 anos de idade. Com a morte de Jesus, a responsabilidade deveria ser passada para os filhos mais novos, porém, os irmãos de Jesus ainda não haviam crido na mensagem da cruz (Jo 7:3-5). Então, Jesus comissionou João, Seu discípulo amado, para cuidar de Maria após Sua morte – perfeito modelo de amor à família.
Então o momento maior da trama chegou, a morte de Jesus (v.28-30). Nenhuma morte foi tão preciosa e dolorosa quanto esta, nenhuma morte foi tão eficaz e abrangente quanto esta, nenhuma morte demonstrou tanto amor e valor quanto esta. Graças a Deus por esta morte ter ocorrido, pois sem ela estaríamos todos condenados pela eternidade; com ela e possível gozar do retorno de Deus.
Esta morte tem alguns significados práticos:
* o objetivo da encarnação foi alcançado – a glória de Deus;
* a perfeita expiação foi realizada;
* o fim da condenação daqueles que creem em Jesus;
* o cumprimento das exigências da lei;
* a destruição do poder de Satanás sobre o crente.
JOÃO PARA HOJE → Cristo morreu a nossa morte, para que vivêssemos a Sua vida. Derramou Seu sangue, para que não precisássemos derramar o nosso. Fez-se pecado em nosso lugar. Este é o significado mais pleno do termo “justificação”: fomos tornados justos perante Deus pelo sangue de Cristo. Adore ao Senhor por sua Salvação.
2. As provas da profecia (19:23-24,28-37)
Agora observemos no quadro da cruz e vejamos como a profecia foi cumprida perfeitamente:
* a Sua morte na crucificação (v.17-27 conferir com Is 53);
* as Suas vestes divididas (v.23-24 conferir em Sl 22:18);
* a sede que Jesus teve (v.28-29 conferir com Sl 69-21);
* Seus ossos não foram quebrados (v.32-33,36 conferir em Êx 12:46; Nm 9:12; Sl 34:20);
* Jesus seria traspassado (v.37 conferir em Zc 12:10; Ap 1:7).
* até onde Jesus seria sepultado já estava profetizado (Mt 27:59-60 conferir em Is 53:9).
3. O sepultamento (19:38-42)
Esta passagem descreve o funeral mais importante realizado em toda a história. Todos os evangelistas se ocuparam em registrar esse fato singular à humanidade. Alguns personagens estão envolvidos na narrativa:
* José de Arimateia: o discípulo secreto – não existe nenhum outro registro no Novo Testamento fora da ocasião do sepultamento. O fato é que esse homem surgiu para honrar Jesus enquanto os apóstolos fugiram, embora o fizesse em segredo, com medo dos religiosos;
* Nicodemos: o discípulo discreto – Nicodemos era fariseu e um dos principais dos judeus (Jo3:1ss). O capítulo 3 de João descreve o interesse desse homem pelo ensino de Cristo. Nicodemos apresentava lampejos da fé, ainda que sempre discretamente;
* Marias: discípulas declaradas – O Novo Testamento faz referência a pelo menos seis Marias em toda a narrativa. Neste caso, o evangelista Marcos deixa claro que se tratava de Maria Madalena e Maria, mãe de José (Mc 15:47). Essas pessoas foram as responsáveis por cuidar do corpo de Jesus e sepultá-lo.
Conclusão
Aprendemos que o sofrimento e a cruz de Cristo foram necessários para que o amor e a graça de Deus fossem plenamente demonstrados e executados em favor dos homens. O cálice e a crucificação preanunciam a ressurreição, objeto a ser examinado no próximo estudo.
Fonte: Revista Vida Cristã – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br