28.09.2020
José Humberto de Oliveira
Base Bíblica
Romanos 9:14-29
Para Para sua meditação diária:
Segunda-feira – 1Reis 4:29-34
Terça-feira – Levítico 18:24-30
Quarta-feira – Mateus 5:43-48
Quinta-feira – Judas 1-4
Sexta-feira – Judas 5-16
Sábado – Judas 17-25
Domingo – Salmos 50:1-23
Introdução
Perguntas difíceis são como um teste destinado a provar o conhecimento e a força dos argumentos usados para as respostas. Todavia, quando se trata de respostas bíblicas, há um fator a ser levado em conta: "nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade” (2Co 13.8). Isso significa que não é uma questão de bons argumentos, no sentido de usar bom raciocínio ou recursos que possam convencer alguém a ponto de mudar sua opinião sobre determinado assunto. Não, não é isso. Trata-se de aceitar que Deus é Deus, e que o que Ele fez ou disse é verdade. O que prevalece não são os "bons argumentos", mas a coragem e humildade para aceitar Sua vontade soberana e Seus decretos inegociáveis. Ninguém consegue lutar contra Deus (At 5.39) ou resistir à Sua vontade (Rm 9. 19). Dentre tantas, selecionamos apenas quatro dessas perguntas.
I – Não é verdade que a ciência provou que fé e religião são sinais de ignorância e de atraso?
1Reis 4.29-34
Qualquer cristão que tenha frequentado um ambiente universitário percebe o preconceito existente com relação à fé. Essa mentalidade existe em muitas pessoas. Na opinião delas, ser cristão ou mostrar fé em Deus é sinal de ignorância e de atraso cultural. É verdade que muitos religiosos através da história tiveram uma atitude obscurantista. Mas, isso não quer dizer que a ciência demonstrou a inutilidade da fé. Esse texto bíblico fala-nos do conhecido rei Salomão. Se prestarmos atenção ao texto, veremos que além de estadista, Salomão conhecia muito bem música, poesia, botânica e zoologia. Todo cristão tem um incentivo para estudar esse mundo, pois ele reflete a glória de Deus. Ciência e fé não são incompatíveis. A ciência também tem os seus limites, e, por mais que descreva o mundo, não poderá responder questões sobre o valor da vida, a importância da ética, o significado da existência. Perguntas importantes como essas só serão devidamente respondidas com a revelação de Deus ao homem.
Reflexão:
→ Você sabia que muitos estudiosos afirmam que a ciência floresceu no Ocidente por causa da visão cristã de mundo?
→ Você sabia que cientistas como Pascal, Euler, Newton e von Braun valorizavam o Cristianismo e confessavam sua fé em Deus?
→ Por que tantas pessoas de cultura têm tanto ódio do cristianismo? Isso é científico? De onde procede esse preconceito?
BÍBLIA DE ESTUDO ESPERANÇA, pergunta nº 267 referente a 1Reis 4.29-34.
1. Dois contra um (crer para ver ou ver para crer? - texto de Rafael Migowiski)
Nada é mais difícil para aqueles que procuram defender a fé do que a batalha para unir a fé e a ciência. Isso porque, nessa batalha, não estamos lutando contra um inimigo, mas contra dois: os cientistas que desprezam a fé, e os fideístas que desprezam a ciência.
a. Os cientistas - Dizem que é preciso "ver para crer". Eles desdenham da fé e insistem em dizer que a única realidade que existe é o plano material, e que a verdade só pode ser encontrada por meio de nossos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar).
b. Os fideístas - Dizem que é preciso "crer para ver". Eles seguem o outro extremo. Apesar de considerarem a existência tanto do mundo material como do mundo espiritual, desprezam a razão e a lógica, e aceitam tudo pela fé.
Essa disputa não é recente. Na verdade, a tensão entre razão e fé remonta ao conflito de filósofos como Platão e Aristóteles que debatiam acerca do mundo ideal (mundo das ideias) e o mundo real (mundo material). Tal divisão trouxe à tona uma questão crucial, a qual foi expressa da seguinte forma: eu preciso ver para crer ou crer para ver?
2. Dois em um (texto de Rafael Migowiski)
Como então é possível unir extremos tão opostos e hostis? A intensidade das disputas nos obriga a escolher uma dessas duas opções e a nos dedicar a ela integralmente. De fato, a hostilidade dessa batalha cria em nós a perigosa ilusão de que precisamos tomar partido de um desses dois lados, quando na verdade, a Bíblia nos chama para viver o melhor dos dois mundos: precisamos "crer para ver" e também "ver para crer.
Em alguns momentos, os personagens bíblicos são levados a agir inteiramente pela fé, como Mateus, que ouviu de Jesus a simples ordem "segue-me" e obedeceu sem requerer qualquer satisfação (Mt 9:9). Porém, em outros momentos, eles são exortados a pensar racionalmente, como na ocasião em que Jesus pede àqueles que não acreditavam em Suas palavras que acreditassem, pelo menos, nas obras que Ele havia feito (Jo 14.11). Em outras palavras, era para acreditar no que estavam vendo.
"Todas as tentativas de culpar a Bíblia de erro científico falham. Tanto a natureza quanto as Escrituras são revelações de Deus, e Deus não pode se contradizer. Os conflitos que existem não são entre a natureza e as Escrituras, mas entre interpretações falíveis de uma ou outra, ou de ambas." (Normam Geisler, Enciclopédia de Apologética, Editora Vida, p. 176.)
"Aceitar a existência de um criador é um ato racional. Aceitar quem é o criador é um ato de fé.” (Adauto Lourenço, Como Tudo Começou, Editora Fiel, p.53)
II - Como pode o próprio Deus ordenar matar nas guerras?
Levítico 18.24-30
Sempre pensamos em Deus como um Deus de paz e de amor. Quando ouvimos dizer que Deus ordenou que o povo de Israel matasse os seus inimigos na terra, não compreendemos tal procedimento. Nesse texto de Levítico, podemos compreender porque Deus ordenou tal atitude. Essas nações estavam sendo punidas por Deus pela sua imoralidade terrível. Quando um israelita imitava tais práticas, ele era igualmente castigado (v.29). O perigo da propagação da maldade é muito grande. Por isso, Deus ordenava seu juízo para poupar a contaminação de outros. A decadência moral poderia chegar a tal ponto que toda a humanidade deveria ser destruída. Por amor aos demais, por vezes, Deus ordenou a morte de pessoas, cidades e nações, para que o câncer do pecado não trouxesse culpa e destruição ainda maior. Como é o próprio Deus que dá a vida, ele tem o direito de tirá-la por meio de combates bélicos ou por intervenção especial (como no Dilúvio ou em Sodoma e Gomorra). A grande verdade que muitas vezes é esquecida é: "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos" (Lamentações 3.22).
Reflexão:
→ O que aconteceria se Deus resolvesse agir apenas com a sua justiça no mundo de hoje?
→ Não há ocasiões quando gostaríamos ver essa justiça divina acontecer?
→ Você acha que sem intervenção da justiça há limites para a maldade humana?
BÍBLIA DE ESTUDO ESPERANÇA, pergunta n° 269 referente a Levítico 18.24-30.
O que está escrito no quadro acima estabelece os argumentos suficientes para responder à pergunta sobre "Deus ordenar matar nas guerras”. Entretanto precisamos ressaltar só mais uma coisa. Temos que levar em conta que, mesmo antes de Cristo, vemos modos diferentes no agir de Deus. O Novo Testamento cumpre, substitui e ultrapassa o Antigo Testamento. A carta aos Hebreus declara que, em Cristo, a aliança de Deus com os homens não é apenas nova. Mas também, superior (Hb 8.6).
Em outras palavras, o Deus que ordenou matar nas guerras, hoje está, por meio de Cristo, reconciliando Consigo mesmo os que se arrependem dos pecados, aqueles no Evangelho (2Co 5.18; Mc 1.15); pedindo que Seus filhos amem os inimigos, orem pelos perseguidores (Mt 5.44). Esse mesmo Deus afirma que a marca do verdadeiro discípulo e testemunho ao mundo é o amor mútuo (Jo 13.35).
III - Abençoa Deus pessoas más? Seria isso justo?
Mateus 5.45
Imagine o que aconteceria com esse mundo, se Deus abençoasse apenas as pessoas boas? É muito importante entender que Deus não age conosco com base na retribuição imediata. Se ele fizesse isso, quem sobreviveria? Deus nos dá muito mais do que merecemos. Suas bênçãos não só são fruto do seu amor, mas também uma constante lembrança de que devemos nos voltar para ele. E se formos bem sinceros, iremos descobrir que não há ninguém tão justo na terra que nunca peque. Portanto, todos nós desfrutamos das bênçãos de Deus sem merecê-las.
Reflexão:
→ Você se considera pior ou melhor do que a maioria das pessoas? Por quê?
→ Você concorda que temos recebido de Deus mais do que merecemos?
→ Por que ficamos aborrecidos quando pessoas más são bem sucedidas? Isso é bom ou mau? Leia o Salmo 73.
BÍBLIA DE ESTUDO ESPERANÇA, pergunta n° 288 referente a Mateus 5.45.
1. Graça comum
Você já ouviu falar de graça comum? Ela é a explicação para muitos filhos de Deus que perguntam por que pecadores não regenerados recebem inúmeras bênçãos de Deus. Mas o que é a graça comum? "É a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas inumeráveis bênçãos que não fazem parte da salvação. A palavra comum significa alguma coisa comum a todas as pessoas, não restrita aos crentes ou aos eleitos" (Wayne Grudem.Teotogia Sistemática, Vida Nova, p.549). Podemos perceber algumas áreas em que a graça comum se manifesta.
a. Vida física. A Bíblia diz que Deus "é quem a todos da vida, respiração e tudo mais" (At l 7.25).
b. Vida intelectual. Ao criar o homem à Sua imagem (Gn l .26), Deus o fez como ser racional. conferindo-lhe capacidade intelectual. Jesus Cristo é apresentado como aquele que "vindo ao mundo, ilumina a todo homem" (Jo 1.9). "O Filho de Deus permite que iluminação e entendimento cheguem a todas as pessoas do mundo" (Grudem).
c. Vida moral. Os seres humanos não caem totalmente nas profundezas do pecado porque Deus, intervém e coloca limites, principalmente nos soberbos, como foi o caso de Nabucodonosor, em Daniel 4. E o que Deus faz? Ele usa a consciência. O apóstolo Paulo afirma que os que não têm lei, a consciência serve de lei, acusando-os ou defendendo-os (Rm2:14-15). Grudem assevera que "essa percepção interna do certo e do errado, que Deus dá a todas as pessoas, significa que elas frequentemente aprovarão padrões morais que refletem muitos dos padrões morais das Escrituras".
d. Vida social. As organizações sociais são evidências da graça de Deus na sociedade. A principal delas, a família, continua sendo usada por Deus para preservar a pureza e a moral na sociedade. Ainda que haja degradação nos valores familiares, continua sendo a principal instituição divina (Gn 2.24; Hb 13.4).
e. Vida religiosa. Paulo afirmou aos romanos que os homens têm conhecimento de Deus; o que eles não fazem é glorifícá-Lo como Deus, nem render-Lhe graças (Rm 1.21). Aos atenienses, o mesmo apóstolo falou: "Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos... Pois esse que odorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio" (At 17.22-23).
Resumindo: nem uma pessoa conseguiria ser ou fazer qualquer coisa sem a graça de Deus.
2. A bondade, o amor, a graça e a misericórdia de Deus
Imagine esses quatro atributos existindo dentro de uma Pessoa! Já que "Deus é amor" (1Jo 4.8), e a “Sua misericórdia dura para sempre" (SI 136), temos que esperar bênçãos Dele mesmo sobre pessoas "más".
IV - Como pode Deus condenar uma pessoa por toda a eternidade e ser um Deus de amor?
Judas 11-13
Deus é amor. Sua bondade é muito grande. Portanto, pensam alguns, ele jamais condenara ninguém. Deus não poderá lançar uma pessoa no inferno. Esse raciocínio está incorreto. Apesar de ser verdade que Deus é amor, também é verdade que Deus é justiça. Ele deu o seu Filho Jesus para morrer em nosso lugar, como prova do seu amor (Romanos 5.8). Se, apesar disso, muitos ainda viram as costas para Deus e preferem viver num caminho mau, não é justo que recebam de Deus o juízo que merecem? As palavras de judas são muito claras aqui. Para os que vivem deliberadamente longe de Deus e estão cheios de maldade "está guardada a negridão das trevas, para sempre". O amor de Deus já foi demonstrado ao homem. Cabe agora ao homem responder a esse amor. Do contrário, seu destino é uma eternidade longe de Deus.
Reflexão:
→ Poderia Deus abandonar a sua justiça por causa do seu amor?
→ Seria aceitável que pecadores que não se arrependem e preferem viver na maldade sejam salvos?
→ Você está seguro de que já encontrou o caminho para uma eternidade ao lado de Deus?
BÍBLIA DE ESTUDO ESPERANÇA, pergunta nº 290 referente a Judas 11-13.
Duas coisas importantes para refletir um pouco mais sobre essa última pergunta.
1. Considere as perguntas da Reflexão, do quadro acima, da Bíblia de Estudo Esperança.
São três questões instrutivas, cujo conteúdo por si só respondem à pergunta principal, pois o autor trata da justiça de Deus, do nosso senso de justiça, e nos convida a refletir acerca da certeza da nossa salvação em Cristo Jesus, que é o Caminho para a eternidade ao lado de Deus (Jo 14.6). Você está seguro dela?
2. A segunda consideração é olharmos para Romanos 11:22
O apóstolo Paulo afirmou que, em nossa caminhada com Deus, temos. que considerar (literalmente “perceber com os olhos") dois fatos no caráter de Deus: a bondade e a severidade. A palavra “severidade” tem sua raiz num verbo grego cujo significado é “cortar”, com ênfase em um rigor que não diminui.
Talvez você pergunte: Como duas atitudes tão diferentes podem fazer parte do caráter do mesmo Deus? Elas não se excluem? De que maneira uma convive com a outra? Onde achar o equilíbrio?
Os questionamentos e argumentos humanos não são suficientes para anular o juízo divino. Como alguém escreveu, “é uma ilusão rejeitar alguma coisa só porque desejamos não acreditar nela". A base para se acreditar em algo não é o desejo, a preferência pessoal, e sim a evidência. Pessoas que desacreditam que Deus pode condenar alguém por toda a eternidade não consideram a Sua severidade, apenas Seu amor e bondade. Mas a Bíblia nos ensina a atentar para todos os atributos de Deus.
Ashbel Green Simonton (1833-1867, fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil) escreveu:"Ser teólogo sem conhecer o caráter de Deus é o mesmo que ser geógrafo sem conhecer a forma do mundo.
Conclusão
Questionar as atitudes e palavras de Deus não é algo novo. O profeta Isaías declarou: "Ai daquele que contende com o seu Criador!" (Is 45.9). E o apóstolo Paulo completou: "Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!" (Rm 9.20). Não é uma "proibição" para se fazer perguntas. É uma confirmação de que a soberania de Deus não exige que Ele peça permissão e nem precisa dar explicação dos Seus atos. Após criar todas as coisas, inclusive o homem, o Gênesis nos informa que Deus "viu que tudo quanto fizera era muito bom” (Gn 1.31). Entendeu? A visão de Deus tem a palavra final. Ele não achou tudo muito bom e depois perguntou ao homem: "eu acho bom, e você o que pensa?" Vamos parar por aqui.
Fonte: Revista dos Jovens – Escola Bíblica – www.editoracristaevangelica.com.br